Os profissionais de saúde moçambicanos vão continuar com a greve face à falta de consensos com o Governo, que acusam de “assédio moral e intimidações”, além de recusar pagar na totalidade horas extraordinárias em atraso.
“A nossa greve vai-se manter até que o Governo cumpra com o que foi acordado”, disse o presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), Anselmo Muchave, em conferência de imprensa, esta segunda-feira, em Maputo, sobre a greve iniciada a 29 de Abril.
Esclareceu que, durante a primeira semana da greve, os profissionais de saúde voltaram à mesa de negociações com o Governo, que mantém, disse, a recusa de aceitar as reivindicações, como a disponibilização do material médico e melhoria das condições de trabalho.
“Prevalece, também, a recusa em fornecer um pagamento justo aos trabalhadores, pagando na totalidade as horas extras referentes a 2023, bem como subsídios de risco e turno”, afirmou o presidente da APSUSM. Muchave disse que se registou, na última semana, a morte de 327 pacientes nas unidades sanitárias do país, na sua maioria crianças, por dificuldades de assistência médica.
“Há mais casos de crianças, mas também adultos com doenças graves e crónicas, casos de pacientes que deviam fazer cirurgia ou que sofreram acidentes. Há também mortes por falta de atendimento”, detalhou.
Acusou ainda os directores clínicos de coagir os profissionais de saúde para suspender a greve e regressarem aos postos de trabalho.
“Estamos atónitos com o assédio moral e intimidações. Coagem os profissionais para irem trabalhar sob ameaça de marcação de faltas, abertura de processos disciplinares, chamadas para reuniões e transferências para locais longínquos”, avançou Muchave, acrescentando que a greve, que neste momento tem adesão de 90% dos profissionais de saúde, vai continuar.
Outra estratégia usada para pressionar a classe, acrescentou, é a colocação de estudantes de enfermagem e medicina para atender pacientes.
“Caso o nosso apelo não seja respondido, seremos obrigados a suspender na totalidade esses serviços mínimos”, disse Muchave.
Mais de 50 mil profissionais de saúde aderiram à greve iniciada a 29 de Abril, disse o presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique, referindo que decorrem conversações com o Governo.