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Professores voltam a paralisar aulas em Chimoio para reivindicar horas extras

Professores de cinco escolas da cidade de Chimoio voltaram a paralisar aulas por um período de 45 dias. Estes dizem que este é o mecanismo que encontraram para pressionar o Governo a pagar o dinheiro de horas extras que lhes é devido desde o ano de 2023.

A Escola Secundária Eduardo Mondlane, na cidade de Chimoio, é uma das instituições de ensino que não tem aulas nos últimos dias. Do lado de fora é possível ver alunos que tentam, à sua sorte, seguir com o processo de ensino-aprendizagem, indo sempre à escola para ver se os professores mudam de ideia e possam dar aulas.

Os alunos dizem que a sua ida a escola visa persuadir aos professores a repensarem na sua medida, uma vez que parte deles tem exames e temem por resultados desastrosos.

“Eu ainda não sei se nós vamos ter exames. Nós perguntamos ao professor, falou que vão para casa, ficar um mês em casa, e que voltariam no dia 28 de Novembro. Eu não sei se vamos fazer ou não, mas estou a ouvir com o guarda a falar que até Dezembro, fim de Dezembro. Ainda não sei se vamos fazer ou não, mas eu estou muito triste, eu quero fazer o exame”, disse Orquídea Alfaiate, aluna da referida escola.

Kleb Baptista Chigalo está ciente das razões que estão a levar os professores a “gazetarem” aulas, dai que se posiciona do lado de advogado dos mesmos.

“Porque eles não estão a ser pagos, eles precisam de ser pagos para também alimentarem as suas casas”, defende Kleb Chigalo.

Já na Escola Secundária 7 de Abril havia no recinto escolar um movimento de alunos e professores, mas nada de aulas. Numa das salas, por exemplo, o professor até entrou, deixou o seu material na secretária e desapareceu.

Os alunos dizem que já estão cansados de gozar férias impostas pelos professores. “Primeiro, deram-nos férias de duas semanas e depois um mês em casa. Voltamos e aqui na escola e começamos a fazer testes, mas depois falaram que vão ficar mais um mês em casa”, explica Anita Nélson, aluna da Escola Secundária 7 de Abril. 

Por seu turno, Tabita Mungofango diz que a situação vai prejudicar aquelas pessoas que terão exame. “Estão a dizer que é para ficar em casa três semanas. E isso vai nos prejudicar porque temos exame”, disse.

Os professores estão cientes disso, mas através do seu porta-voz alegam que é a única forma que encontraram para pressionar o pagamento de horas extras.

“Até agora estamos aguardando a resposta porque ninguém se pronuncia. Se fosse uma questão lógica, iríamos dizer que após a promessa que foi falhada, deveriam voltar para dizer alguma coisa. Mas todo mundo continua no silêncio e nos sentimos ignorados. Tendo em conta também os pronunciamentos da Ministra de Educação que deixou os professores ainda mais agastados e frustrados, decidimos que a única solução é paralisar as aulas para pressionar”, explicou Ivan Octávio.

Para já, de acordo com o porta-voz do grupo dos professores, a presente paralisação das aulas será de 30 dias úteis, “que será até dia 28 de Novembro. Consequentemente poderá afectar os exames da 9ª e 10ª classe”, frisou Ivan Octávio.

A nossa equipa de reportagem sabe que o assunto já está a ser tratado ao nível do Ministério das Finanças que não avança prazos para a liquidação da dívida.

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