O “profeta” Artur Semedo garantiu há umas semanas que tudo estava “cozinhado” para a UD do Songo ser campeã. Por ironia do destino, foi o Chibuto, equipa por si treinada quem deu o “xeque-mate” ao então único candidato, Costa do Sol, fazendo o título viajar, pela primeira vez, para Tete. Porém, essa “baboseira” não deve, em momento algum, reduzir o mérito da turma de Chiquinho Conde, que para não deixar espaço para suspeições, brindou o Textáfrica com uma inesperada goleada.
O Costa do Sol, feitas as contas, perdeu o título em casa, uma vez que em partidas decisivas no seu reduto não se saiu bem, nem nos resultados, nem nas exibições. Na antecâmara do epílogo do Moçambola, a par da decisão do campeão, duas turmas já têm o destino traçado: UP de Lichinga e Desportivo de Macuácua, que vão descer de escalão. Por resolver, nesta altura, apenas o acompanhante destas equipas e o segundo lugar, pois caso os “canarinhos” não se cuidem pode ainda ser ocupado pelo Ferroviário de Nacala.
Infiltração de corpos estranhos?
O Moçambola 2017 poderá ficar como uma competição para estudo. O que salta à vista, em primeiro lugar, é o facto de o Norte do país ter sacudido a sua habitual letargia, vivendo esta competição de alma e coração. O resultado está aí: históricos como Ferroviário de Maputo, Maxaquene e mesmo Liga Desportiva foram sendo vulgarizados jornada a jornada, particularmente nos seus redutos. A grande afluência de público e a forma activa como as jornadas foram sendo vividas, poderão estar na base deste novo paradigma. A ver vamos. Merecedora de realce está Nacala, a bela cidade nortenha, que tem estado a realizar algo impensável, ao colocar os seus representantes acima do meio da tabela.
Preciosa, muito preciosa mesmo, foi a vitória do Maxaquene diante dos quelimanenses, resultado que coloca pressão nas cinco equipas posicionadas logo a seguir aos dois últimos. Daí que na penúltima jornada, a alta tensão incida nas partidas envolvendo os aflitos 1º de Maio, Textáfrica, Ferroviário de Nampula, ENH, Maxaquene e Chingale. Sinal de que o Moçambola ainda está bem vivo.
À parte a goleada que o novo campeão infringiu ao Textáfrica, a jornada 28 foi pobre em golos, assunto para ser equacionado pelos técnicos no final da época, uma vez que o golo é que faz a festa no futebol.