O País – A verdade como notícia

Procuradoria manda suspender actividades numa mina em Tete

Foto: O País

O conflito que opõe a Cooperativa dos Mineiros Artesanais Samora Moisés Machel e a empresa Mulamuli, Lda., numa mina de ouro, no distrito de Chifunde, em Tete, continua sem fim à vista. A Procuradoria Provincial de Tete diz que mandou suspender as actividades para investigar algumas acusações que pesam sobre os sócios da cooperativa, mas a destruição de infra-estruturas no local e a retirada compulsiva de mineiros artesanais são ilegais.

No mês de Junho, o jornal O País noticiou que cerca de três mil membros da Cooperativa dos Mineiros Artesanais Samora Moisés Machel e a empresa Mulamuli, Lda estavam envolvidos num conflito pelas minas de ouro em Chifunde.

O problema prevalece e os mineiros artesanais explicam que a situação iniciou em 2018, quando a cooperativa recebeu uma nota de uma empresa denominada Ouro Mulamuli, Lda., de capitais sul-africanos, com o objectivo de fazer pesquisas na área para determinar a existência ou não de certos minerais e não haveria conflito com as actividades da cooperativa.

Nesse processo, segundo a Cooperativa dos Mineiros Artesanais, a empresa desviou o foco das suas actividades e pediu concessão de licença para exploração de minérios na mesma área onde a Cooperativa Samora Moisés Machel opera há mais de 15 anos. Porém, assim que a licença foi emitida, a empresa encetou uma campanha de remoção forçada dos operadores artesanais. Entre os métodos usados destacam-se a campanha de difamação dos líderes da cooperativa; a abertura de processos-crime contra os membros seniores da cooperativa e prisão destes por parte do SERNIC sob acusação de serem delinquentes; destruição dos meios de trabalho das cooperativistas; queima de suas habitações e destruição de infra-estruturas construídas pela cooperativa, como posto policial e um centro de saúde para a comunidade.

Neste momento, os associados estão espalhados por vários pontos de Chifunde, alguns a viver no mato por temerem represálias e há indicações de que alguns fugiram para o Malawi.

O jornal O País procurou ouvir a empresa Mulamuli, Lda, através dos seus advogados, mas estes alegaram que ainda é prematuro pronunciar-se sobre o assunto.

Por sua vez, a Procuradoria Provincial em Tete disse que mandou suspender as actividades nas minas abrangidas pelo conflito para investigar algumas acusações que pesam sobre os sócios da Cooperativa Samora Moisés Machel, mas a destruição de infra-estruturas no local e a retirada compulsiva de mineiros artesanais são ilegais.

A Procuradoria Provincial em Tete garante estar a trabalhar para encontrar os mentores da destruição nas minas em disputa.

Sobre o assunto, contactámos a Direcção Provincial de Infra-estruturas, que também responde pelo sector de minas em Tete. O responsável disse que não podia pronunciar-se, alegadamente porque o assunto já estava sob alçada do Ministério do Recursos Minerais e Energia.

Igualmente, a administradora do Distrito de Chifunde alegou que não conhece o problema, mas o jornal O País sabe que ela esteve no local dias depois da expulsão de mineiros artesanais e destruição de seus bens.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos