Dos mais de 5.200 guerrilheiros da Renamo que devem passar à vida civil, no âmbito do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), pelo menos 1.490 já beneficiam do processo, disse o Presidente da República, esta manhã, no Parlamento, onde presta “informação anual sobre a situação geral da Nação”. Filipe Nyusi reiterou a disponibilidade do Governo para o diálogo com a Junta Militar da Renamo, mas deixou claro que perante a intransigência do grupo, não resta outra alterativa senão persegui-la.
Por volta das 10h15 desta quarta-feira, o Chefe do Estado subiu ao pódio da Assembleia da República para prestar a informação mais aguardada do dia. Após saudações protocolares, Filipe Nyusi revelou que recebeu “muitos subsídios do povo” em relação ao que gostaria de ouvir e a lista era longa.
Prosseguindo, o Mais Alto Magistrado da Nação rendeu homenagem “ao herói nacional Marcelino dos Santos”, falecido este ano; aos 52 jovens assassinados de uma vez pelos terroristas na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, em Cabo Delgado; às vítimas do terrorismo, bem como aos militares que não vergam diante dos promotores da violência armada nas províncias de Manica, Sofala e Cabo Delgado.
Segundo o Presidente da República, seis bases militares da Renamo foram encerradas desde que o DDR está andamento e este processo continua “sem sobressaltos”.
Filipe Nyusi falou ainda de alguns momentos que marcaram as negociações com o falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e que ditaram a adopção do actual modelo de descentralização.
De acordo com o Chefe do Estado, uma das exigências de Dhlakama era “governar onde” ganhasse as eleições. Como contrapartida, Filipe Nyusi impôs: “não quero moçambicanos armados” no país.
Foi a partir destas negociações e entendimento que surgiu o pacote sobre descentralização e que congrega as aspirações dos cidadãos, segundo o Presidente Nyusi.
Mas até chegar-se a este processo, houve vários recuos, daí que Nyusi pede: “acarinhemos e aperfeiçoemos a descentralização”, pois “vai dar certo”.
Sobre a Junta Militar da Renamo, a quem as autoridades responsabilizam pelos ataques armados em Manica e Sofala, o Executivo está aberto ao diálogo.
Para o Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança, se a Junta Militar da Renamo não se mostra disponível para o diálogo, ao Governo “não resta outra alternativa senão desencadear acções de envergadura” contra o grupo.
Aliás, os resultados alcançados durante as negociações com o líder da Renamo, Ossufo Momade, não abrem espaço para reivindicações, segundo Filipe Nyusi, para quem “não podemos ceder a chantagens contra o povo”.
A “nossa soberania nunca mais será negociada ou hipotecada”, afirmou Nyusi, sublinhando que o Executivo “bate-se” também pelas mesmas pessoas que promovem desordem nas províncias de Manica e Sofala.