Subiu de 230 meticais para 250 meticais (32.5) e de 250 meticais para 275 meticais (42.5) o preço do cimento da recentemente inaugurada empresa Dugongo Cimentos. A subida do dólar, que impacta nos custos de produção, é apontada como a razão principal para o aumento.
Através de um comunicado a que “O País” teve acesso, datado de 29 de Agosto, a Dugongos Cimento anunciou que estava para esta quarta-feira a entrada em vigor de novos preços do cimento de 32.5, numa margem de incremento de 15 meticais, com base no preço original.
No terreno, acontece outra coisa. Não apenas subiu o cimento 32.5, mas também o 42.5. O cimento 32.5, que antes custava 230 meticais, passou a custar 260. Já o de 42.5, anteriormente comprado a 250 meticais, passou a custar 275 meticais, ou seja, um aumento perto de 30 meticais.
Confrontada com o comunicado posto a circular pela Dugongo Cimentos, Camomila Macuvel, gestora de um estaleiro na cidade de Maputo, diz que houve má compreensão da informação.
“Nós temos um grupo de revendedores, onde todas as informações e decisões relativas à indústria do cimento são partilhadas e a nós chegou a informação da subida, tanto do cimento 32.5, bem como do 42.5, por isso não percebo esta questão”, explicou-se Camomila Macuvel.
Camomila Macuvel disse ainda que, contrariamente ao anúncio do comunicado, afinal os preços já vinham sofrendo subida desde o mês passado.
“Hoje não é propriamente o primeiro dia a vigorarem os novos preços, pois o aumento de preços vem acontecendo desde a primeira semana do mês passado. Primeiro sofreu um aumento de cinco meticais, duas semanas mais tarde acresceu mais cinco meticais. Agora, com este incremento de 15 meticais é que se está a fazer um anúncio a nível nacional”, disse.
Um outro gestor diz que já se ressente desta decisão, pois, desde que aumentaram os preços, as vendas reduziram bastante.
“Conforme vê, não temos clientes hoje. As pessoas estão a fugir-nos. Elas já se tinham habituado aos preços anteriores, por isso estamos assim”, referiu Simões Mapandzene.
E, como era de se esperar, este agravamento já ameaça o aumento de preços de muitos outros produtos, cuja principal matéria-prima é o cimento.
Gabriel Chiruque e Valério Manjate são vendedores de blocos na Praça da Juventude, em Maputo. Usam o cimento Dugongo para produzir os blocos, por ser mais barato, em relação aos outros, mas já somam prejuízos.
“Quando a Dugongo surgiu, nós baixámos os preços dos blocos. Agora com este acréscimo, vai ficar difícil de repente aumentar. Somos muitos que fazemos este trabalho, de tal forma que, se eu simplesmente aumentar o preço dos meus blocos, ninguém virá comprar”, disse Gabriel Chiruque.
Por seu turno, o presidente do Conselho de Administração (PCA), Victor Timóteo, aponta a subida do dólar como a razão principal para o agravamento dos preços.
“Quando começámos a produzir, o dólar estava a 55 meticais. Hoje, subiu e está cerca de 64 meticais. Por outro lado, nós importamos carvão e, no mercado internacional, esta matéria subiu em cerca de 40 dólares por tonelada. Mas, o que eu garanto é que o nosso preço vai situar-se abaixo dos 300 meticais”, garantiu o PCA.
Timóteo garantiu ainda que, apesar da alteração do preço anunciado se reflectir nos distribuidores, estes continuarão a comprar o cimento a um custo acessível, não se justificando um agravamento para o cidadão. Porém o bolso do cidadão já se ressente.