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População invade espaço de reserva dos Aeroportos de Moçambique em Maputo 

Populares invadem espaço que é reserva dos Aeroportos de Moçambique, no bairro George Dimitrov, também conhecido como Benfica, na Cidade de Maputo, sob alegação de ser um espaço já há muito abandonado e que serve de “palco”, para a prática de todo o tipo de crimes. 

Mais um caso de usurpação de terra na cidade de Maputo. Com recurso a uma fita métrica, a população divide, entre si, um espaço que afirmam estar desde os anos 90 abandonado. A cada um é dado um espaço de 15/30 metros e dizem estar a deixar espaços para a construção de igrejas, postos policiais e outras infraestruturas. 

Tânia Cumbe conta que recebeu uma  chamada, na tarde de ontem, para informar que havia divisão de terrenos na zona do aeroporto. “Cheguei aqui às 16, entreguei nome  e depois disseram para voltar hoje às quatro horas. Cheguei às 4.30 (…) chamaram   nossos nomes, mas até agora ainda não recebemos nenhum terreno”. 

Tânia conta que no momento em que chegou havia um responsável pela divisão de espaço, mas desapareceu e, agora, aguarda por uma resposta. Diz ainda que a ocupação do espaço deve-se ao longo período em que o mesmo ficou abandonado.

“Esse espaço é de há muito tempo, aqui está cheio de ladrões e jovens daqui aproveitam as mulheres. Até às 18 horas, aqui já não se passa, violam pessoas e roubam celulares. Por isso, dizem que esse espaço deve ser ocupado e ser casa de pessoas”, partilha a entrevistada. 

  Lucas Samuel também tem esperança de conseguir um espaço. Conta que desde as quatro horas do dia de hoje está à espera de receber o seu terreno. Entretanto, não sabe quem está a fazer a distribuição dos espaços. “Lá do outro lado dizem que estão à espera da resposta da base aérea. Aqui deste lado, não sei. Não sei se é chefe do quarteirão que deu a ordem ou não”. 

O espaço é também usado por moradores locais para o cultivo de alimentos. Melina Mangue partilha que tem uma machamba naquele local desde 1992, e tem conhecimento que o local pertence à meteorologia. “Pedi a um guarda que estava aqui da meteorologia, cedeu-me aquele espaço e eu comecei a cultivar para ter qualquer coisa de sustento na minha casa. E, agora, eu estava em casa e  minha vizinha chamou-me para dizer que estão a levar a minha machamba”. 

Melina tem dúvidas em relação aos métodos que estão a ser usados para a divisão do espaço, mas também reclama da criminalidade no local. “Eu não sei se isso aí dá ou não, porque eu sei que o espaço é da meteorologia, mas aqui criminalidade também tem. De noite, não se passa”.

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