O presidente da Renamo, Ossufo Momade, solicitou, esta segunda-feira, na Cidade de Maputo, a anulação imediata do processo eleitoral, em Moçambique, pois, segundo disse, o mesmo “não reflectiu a vontade legítima do povo” moçambicano. Ossufo Momade apelou que os órgãos da Justiça tomem decisões que garantam paz e reconciliação nacional.
Ossufo Momade falou hoje à imprensa, na capital do país, onde lamentou o momento atípico em que Moçambique vive e disse estar preocupado com o silêncio das autoridades. “Preocupa-nos o silêncio do órgão que representa o povo, assistindo à chacina de moçambicanos pela polícia, muitos dos quais sem participar directamente das manifestações. É tempo de a Assembleia da República se reunir em defesa do povo que diz representar”, apelou o presidente da Renamo.
Um apelo que estendeu também a Procuradoria-Geral da República (PGR) e às instituições de defesa.
Ossufo Momade disse que o seu partido, a Renamo, é por manifestações pacíficas, sem derramamento de sangue e, por isso, solicita a anulação imediata de todo o processo eleitoral. “Repito e sublinho, estamos aqui para solicitar a anulação imediata deste processo eleitoral. Aos olhos de todos e da comunidade internacional, somos unânimes em afirmar que o mesmo não reflectiu a vontade legítima do povo, por vários motivos, que são por todos nós conhecidos”, sublinhou o político.
O número um do partido da Perdiz apela aos órgãos da justiça para que tomem decisões que garantam a paz, a reconciliação nacional e que defendam os mais altos interesses dos moçambicanos no seu todo, respeitando a vontade popular.
Momade garantiu que a exigência pela anulação não é uma acção leviana, nem movida por interesses pessoais ou partidários, mas “é um apelo à ética, à justiça e à verdade”. E ainda acrescentou: “Temos evidências que apontam para práticas que comprometem a lisura do processo eleitoral. Desde o enchimento de boletins de votos, falsificação de editais e de resultados, detenção dos delegados de candidaturas, apuramento sem a presença de delegados de candidaturas, dos partidos políticos e da oposição, mortes causadas pela polícia, perseguição e assassinato de opositores, privação de direito à manifestação, privação de direito à informação em internet, fraudes, coerção, desinformação, etc”.
Para o presidente da Renamo, Ossufo Momade, os factos por si mencionados devem ser “tratados” com a devida seriedade, para que não criem precedentes perigosos para o futuro da democracia e da intolerância e extremismo em Moçambique.
Ossufo Momade disse ainda que “a anulação desta eleição não significa desligar a voz do povo, mas assegurar que esta voz seja ouvida de forma clara e inquestionável”.
O presidente da Renamo fez também uma exortação para que os órgãos competentes analisem com atenção e imparcialidade e as evidências apresentadas e que tenham a coragem de tomar a decisão que melhor sirva aos interesses da verdade e da justiça para os moçambicanos.
A Renamo propôs um Governo de Gestão para assegurar o pleno funcionamento das instituições, enquanto o país se prepara para a realização de eleições livres, justas e transparentes.
“A Renamo é pela dissolução do actual modelo de gestão eleitoral, dos órgãos eleitorais, porque ficou provado que são estes autores ideológicos, materiais e morais da instabilidade pós-eleitoral”, disse Ossufo Momade.
O Líder da Renamo não parou por aí, deixou também um convite para que “durante um período de dois anos a sociedade, os académicos, todos os parceiros de cooperação nacional e as organizações internacionais a contribuírem de forma que tenhamos um modelo de gestão eleitoral, que transmita confiança aos moçambicanos”.
Os pronunciamentos do presidente da Renamo ocorreram numa altura em que o país enfrenta uma onda de manifestações, protestos e violência nas ruas, decorrentes dos resultados das eleições, anunciados no mês passado, pela Comissão Nacional de Eleições, e que deram vitória ao candidato presidencial Daniel Chapo e o seu partido Frelimo.