A polícia deteve hoje, na cidade da Beira, um indivíduo de 53 anos de idade indiciado de violar a filha desde 1993. A vítima, agora com 35 anos de idade, cansada dos abusos sexuais do pai, decidiu denunciá-lo à Polícia
A vítima, que passamos a chamar de Hortência, contou a este jornal que tem sofrido, com frequência, abusos sexuais por parte do próprio pai, um antigo militar que, para o efeito, recorre a ameaças. “O primeiro contacto sexual ocorreu quando eu tinha 12 anos, no distrito de Cheringoma. Vivíamos na mesma casa, eu, ele, os meus dois irmãos e a minha tia (madrasta). O meu pai aproveitou-se da ausência dos outros membros da família para, com recurso a ameaças verbais e força física, violar-me sexualmente. E depois, de forma recorrente, continuou com os abusos sexuais, mesmo depois de nos termos transferido para a cidade da Beira”, contou.
O último caso de incesto, de acordo com Hortência, foi consumado na manhã do último domingo, quando os dois (ela e o pai) se encontravam a sós na residência, visto que os outros membros da família se encontravam na igreja. “Ele aproximou-se e pediu-me para o beijar. Recusei e levantei, para abandonar o local. O meu pai segurou-me o braço e com outra mão tapou a minha boca. Num tom assustador, prometeu agredir-me, caso não correspondesse. Ele foi militar e, como sempre cedi às suas acções, tirou-me a roupa e de seguida baixou as suas calcas. Segundos depois, o acto sexual foi consumado”.
Hortência acrescentou que, naquele dia, uma vez mais desesperada, decidiu contar os abusos de que era vítima por parte do pai à sua tia e deixou claro que iria à polícia denunciá-lo. “Ela aconselhou-me a não levar o caso à polícia, alegando que o meu pai seria detido e que nós teríamos dificuldades para sobreviver. Não acatei o conselho dela e dirigi-me à polícia”, referiu.
A polícia deteve imediatamente o indiciado, que entretanto refuta os actos que lhe são imputados, alegando que se trata de um conluio familiar, para ficarem com os seus bens. “A minha filha e os irmãos querem simplesmente apoderar-se da herança do meu pai. Inventaram esta história de incesto, de modo a que eu seja detido e eles poderem usufruir das rendas das casas do meu falecido pai. Nunca violentei sexualmente a minha filha”.
No entanto, a polícia disse que as investigações preliminares indicam que houve contacto sexual. “A cidadã em causa já foi acompanhada até à medicina legal. Aguardamos os resultados dos exames médicos”, indicou Sididi Paulo, porta-voz da PRM em Sofala. Sididi acrescentou que a sua corporação não tem dúvidas de que Hortência sofreu abusos sexuais por parte do pai, o qual será encaminhado ao tribunal.