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Polícia de Fronteira diz desconhecer esquemas de favorecimento à migração ilegal em Namaacha

Horas depois do “O País” difundir uma reportagem que retrata esquemas de travessia ilegal de moçambicanos para a África do Sul, com a conivência de agentes da Polícia de Fronteira de Namaacha, as autoridades policiais daquele local chamaram apenas o nosso grupo de media (Stv e O País) para apresentar 120 pessoas detidas sob acusação de imigração  ilegal.

Mas antes…quisemos saber se é do conhecimento das autoridades locais o esquema que coloca em xeque a credibilidade da força que (deveria) garante (ir) a protecção da fronteira, ao que o chefe de operações da Polícia de Fronteira respondeu nos seguintes termos.

“Isso não constitui a verdade. A Polícia está a fazer um esforço para não permitir que esses esquemas aconteçam. Estamos atentos às informações que aparecem nos órgãos de informação que há essas facilitações. Mas garanto que não há essas facilitacões”, disse Fernando Mombola, Chefe das Operações daquela cooperação para depois remeter a nossa reportagem ao Comando Provincial para mais detalhes sobre este assunto.

E TAIS ILEGAIS?

São ao todo 120 pessoas apresentadas, entre eles imigrantes ilegais e transportadores que facilitariam a passagem desses moçambicanos para a África do Sul. Ao “O País” muitos reclamaram do facto da Polícia os ter detido na Vila de Namaacha e não no percurso ou no local da travessia ilegal. “Encontraram-me na estrada aqui na vila e não na zona de travessia. Tenho passaporte, mas tive de desistir da fronteira de Ressano Garcia porque está cheia e não há outro caminho que posso usar. Tenho que me apresentar ao serviço na segunda-feira e quando não chegar a tempo serei expulso. Os meus filhos já estão a morrer à fome e não tenho o que os dar”, mostrou-se entristecido Sebastião Mathe.

Mesmo sentimento transmitido por Melita. Doméstica na África do Sul, teve dificuldades de ter teste da COVID-19 por isso optou por imigrar ilegalmente, mesmo com passaporte. “Trabalho como doméstica, não sei o que irei fazer porque crio os meus três filhos através desse emprego. A minha patroa já ligou e disse que precisava de mim porque as crianças dela regressaram à escola no dia 5. Assim estava para passar ilegalmente porque temo que os meus filhos passem fome e não tenho como fazer o teste da COVID-19”, lamentou a moçambicana.

Luís Muthombene, pedreiro, ficou inconformado com a captura e esteve ao ponto de chorar. “Como é que fazem isso connosco. Estamos a lutar para garantir sustento para as nossas famílias. Tenho contrato de trabalho na África do Sul e corro o risco de perder o meu emprego. Há 20 pessoas que trabalham comigo e dependem de mim”, quase lacrimejou o homem.

Os capturados foram depois transportados para fora da vila de Namaacha para que pudessem regressar às suas zonas de origem.

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