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 “Pode ter faltado dinheiro para a revisão dos livros” com erros

Foto: O País

A falta de dinheiro para o cumprimento de todas as fases de verificação dos livros escolares pode ter influenciado para a existência de erros graves nos manuais da 6ª classe. A informação é avançada pelo docente e revisor linguístico Nobre Santos. Já a revisora Olga Pires defende a inclusão de professores catedráticos nos processos.

Depois da comissão responsável por investigar os erros nos livros escolares ter apontado, entre outras causas, o não cumprimento das fases de verificação, negligência e falta de profissionalismo, o jornal “O País” ouviu alguns revisores linguísticos, que consideram ser necessário uma revisão profunda dos procedimentos, no geral, ligados à Educação em Moçambique.

Nobre Santos, com larga experiência na revisão de manuais didácticos, avança possível incapacidade financeira do Estado para cumprir todas as fases para a concepção de um livro.

Segundo o docente, nalguns trabalhos em que já participara, assistiu a situações como, em vez de pelo menos três revisores, foram contratados dois, com risco, em alguns, de não receberem os ordenados correspondentes ao trabalho realizado.

“Antigamente, os revisores acompanhavam todo o processo, mas, agora, isso já não acontece e eles dizem claramente que nós não temos dinheiro para pagar por todo o processo”, avançou Santos.

Nas suas incursões, por vários momentos, ignoraram a falta de pagamento, colocaram-se à disposição para ajudar em todas as fases necessárias, porém isso pode constituir uma grande falha para o não cumprimento das regras.

“O que nos move não é só o dinheiro, é o carácter, a missão e a responsabilidade de bem servir o nosso povo”, disse.

Para Santos, a partir deste problema, o Governo precisa de despender mais tempo e recursos na escolha dos melhores profissionais, uma posição igualmente defendida pela revisora Olga Pires, que questiona a qualidade dos revisores.

Segundo a revisora, cometer erro é normal quando se trata de um trabalho aturado como este, no entanto trata-se de falhas leves e não profundas como os erros a que se assistiu naqueles manuais, pois isso, “mais do que demitir, é preciso saber quem são estes profissionais, quais são as suas experiências e como conduziram este processo”, questionou Olga Pires.

Para ela, é preciso apostar mais em pessoas formadas e especializadas e as universidades têm de sobra. “O nosso país e as nossas políticas educacionais não estão a tirar o real proveito destes profissionais. Nós temos excelentes docentes universitários e eu converso muito com alguns deles, eles parecem que estão a fazer um determinado papel, mas não têm destaque, nem relevância, muito menos impacto na formação dos jovens”, explicou.

Segundo as fontes, antes da aprovação e impressão, os manuais de ensino devem passar por uma equipa de consultoria científica e linguística, composta por profissionais especializados que podem chegar até seis membros.

Os académicos aconselham o Governo a apostar mais e seriamente na educação e tratá-la com o devido respeito.

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