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Parques de venda de viaturas podem estar a financiar terrorismo no país

Foto: O País

A procuradora-geral da República diz que o tráfico de drogas está a financiar o terrorismo no país, o que é, para Beatriz Buchili, uma possibilidade para os parques de venda de viaturas. Buchili afirma que Moçambique deixou de ser um caminho de tráfico de droga para ser destinatário.

Beatriz Buchili iniciou, esta segunda-feira, uma visita de trabalho à Procuradoria da Cidade de Maputo para acompanhar o nível de desempenho do sector. Intervindo no local da visita, a procuradora-geral da República disse estar preocupada com o crime organizado, sobretudo o tráfico de drogas. Denunciou haver fábricas de produção de substâncias psicotrópicas instaladas em diferentes pontos da capital do país.

“Pode haver diminuição da criminalidade, mas há um aumento significativo de crimes de grande impacto, como o tráfico de drogas. Em relação ao tráfico e consumo de drogas, Moçambique era um país de trânsito, mas, nos últimos dois a três anos, estamos a ser um país de consumo. E como sabemos, o tráfico de drogas é um crime que pode, ou melhor, financia o terrorismo, então temos que olhar para este caso de tráfico de drogas”, alertou Beatriz Buchili, procuradora-geral da República.

Aliado a isso, está a proliferação de parques de venda de viaturas cujas transacções financeiras são feitas em numerário, o que dificulta o controlo por parte das autoridades. “Nem sei a legalidade desses parques, porque são parques que fazem as transacções financeiras sem seguir o circuito bancário, paga-se em numerário. Isto é preocupante para um país que tem o desafio de prevenção e combate ao terrorismo e pode ser um mecanismo de financiamento a este mal, temos que verificar o que se está a passar”, apelou Buchili.

Os raptos são outra preocupação apresentada por Buchili. A procuradora questiona a movimentação de avultadas somas de dinheiro para pagamento de resgates.

“O dinheiro dos raptos também… para onde vai? Como é que se consegue pagar o resgate em numerário, o que é que está a acontecer? Os resgates não são pagos com transacções bancárias, são pagos em numerário, onde é que fica esse todo dinheiro que paga os resgates? Então, é preciso haver muito trabalho de vários actores, incluindo a própria sociedade. Quero perceber como é que estamos a trabalhar nestes casos, porque a Cidade de Maputo continua a ser a que tem o maior índice de casos de raptos”, terminou.

A visita de Beatriz Buchili vai durar quatro dias e, no encontro desta segunda-feira, a Procuradoria da Cidade de Maputo, através da respectiva titular, Tássia Marisa Martins Simões, deu a conhecer que, de Janeiro a Outubro do ano em curso, tramitou 8 014 processos criminais.

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