Há novos dados em relação a história dos 10 supostos pescadores paquistaneses. A tripulação de um barco de pesca da empresa Martins Marque na última semana de Abril esteve a pescar na região que limita os distritos de Pebane, na província de Zambézia, e Moma, província de Nampula, garantiram ao “O País” que viram a embarcação dos paquistaneses a navegar em direcção à zona norte do país.
O pescador Alfeu Agostinho e o marinheiro João Faustino, que pertencem a referida empresa, contaram que nas primeiras horas da manhã do dia 25 de Abril, antes das horas, quando estavam ancorados, a pescarem, viram o barco em causa em movimento.
“Conhecemos praticamente todos os nossos colegas que exercem a actividade de pesca nesta área e mesmo aqueles que não são da nossa província. Era um barco com dimensões e formato muito diferente dos nossos, facto que despertou em nós alguma curiosidade. Ficamos perplexos ao notar que a embarcação não trazia matrícula e nem bandeira. Estava em movimento e depois ele sumiu no horizonte. O aspecto indicava que ele ia muito carregado”, explicou Alfeu Agostinho.
Por sua vez, o marinheiro João Faustino e capitão do barco da empresa Martins e Mar em referência, mostrou algumas dúvidas quanto ao facto do barco estar ou não carregado naquele dia.
“Não sei. A distância não, a que estávamos não é seguro afirmar com certeza se o barco estava carregado. Mas que não tinha bandeira e que estava sem matrícula, todos nós notamos isso”.
Refira-se que ao serem socorrido na tarde da passada quinta-feira, a deriva próximo do porto da Beira, na região de Savane, por um outro barco de pesca nacional, os paquistaneses pediram apenas combustível. João Faustino que chegou na Beira na madrugada da passada terça-feira e já esteve no interior da embarcação dos paquistaneses a convite do SERNIC, no âmbito das investigações em curso, e afirmou que no interior do mesmo estão mais de 10 mil litros de combustível.
Sendo assim, por que razão os supostos pescadores paquistaneses pediram combustível quando estavam a ser socorridos se tinham uma reserva de mais de 10 mil litros na embarcação? Porque disseram que estavam à deriva, primeiro há dois meses e depois há 20 dias se foram avistados a navegar uma semana antes? Porque estarão a mentir? São perguntas que cabe a polícia clarificar.
Entretanto, os armadores que operam no Porto de Pesca da Beira, estão preocupados pelo facto dos supostos pescadores paquistaneses estarem a receberem ajuda alimentar por parte de alguns munícipes da Beira, facto que para eles pode criar espaço para que os suspeitos encetarem um plano de fuga, tal como aconteceu com um rebocar paquistanês que esteve ancorado naquele porto de pesca em 2017, no âmbito de uma investigação que envolvia o Ministério dos transportes e Comunicação, e que zarpou numa madrugada.