A missão exploratória da Assembleia Parlamentar Paritária de África, Caraíbas e Pacífico e União Europeia (ACP-EU) entende que há necessidade de se unirem as forças vivas moçambicanas e internacionais para a mobilização, o mais urgente possível, de mais apoio humanitário para os centros de trânsito e de reassentamento das populações vítimas do terrorismo que afecta a província de Cabo Delgado.
Esta posição foi tomada por José Caros Zorrinho, deputado europeu e co-presidente da missão, pelo parlamento europeu, que terça-feira última, efectuou uma visita de trabalho ao Centro de Reassentamento de Metuge, naquela província, tendo explicado que a união de forças vai contribuir para a redução do impacto negativo que o terrorismo causou e causa na vida de milhares de concidadãos e conferir alguma dignidade humana às pessoas deslocadas.
“Foi notório, no terreno, o desalento daquelas populações que exigem, por isso, regressar às suas zonas de origem o mais breve possível, devido às condições difíceis pelas quais estão a passar, não obstante os esforços empreendidos pelo Governo e seus parceiros para apoiar, sob diversas formas, aquela população”, disse Zorrinho para quem a união de esforços e maior coordenação dos apoios àquela população vai criar um alento para que se minimize o sofrimento pelo qual estão a passar.
Para Zorrinho, o facto de aquelas populações terem deixado as suas terras, fontes de rendimento e estando quase que privados de liberdade de fazer o que sempre fizeram para o seu sustento é uma situação traumatizante que só pode ser ultrapassado com muito apoio em matérias de segurança, além do apoio para o desenvolvimento, bem como a restauração da paz na província de Cabo Delgado.
O deputado Zorrinho reconhece que há esforços, no terreno, empreendidos tanto pelo Governo moçambicano como pelas organizações da Sociedade Civil e pelos parceiros de cooperação, para minorar o impacto do terrorismo no seio das populações. Todavia, Zorrinho exortou a necessidade de maior resiliência e não desistir nesta causa.
“A nossa mensagem, depois de sairmos de Cabo Delgado, é que há necessidade de união de esforços, maior coordenação entre o Governo e os seus parceiros, para além da necessidade de criação de mecanismos que visem a maior sustentabilidade das populações deslocadas, sobretudo nos centros de trânsito e de reassentamento”, acrescentou Zorrinho, sublinhando que “maior atenção deve ser, espacialmente, direccionada às crianças e raparigas em idades escolares, bem como às pessoas mais vulneráveis, como idosos e mulheres.
Por sua vez, o membro da APP ACP-UE e chefe da Delegação da Organização dos Estados ACP, Jomo Mfanawekhosi Dlamini (eSwatini), sublinhou a necessidade de se conceder mais assistência em apoio material e financeiro, tendo recolhido informação que possibilitará o desenho de uma estratégia para a solicitação para ajudar o povo moçambicano.
“Estamos impressionados com a resiliência do povo moçambicano que não desiste e segue em frente mesmo perante imensas dificuldades e quer dignidade e deseja voltar às suas zonas de origem, assim que a situação de terrorismo for erradicada”, afirmou Dlamini.
Além de se deslocar ao distrito de Metuge, a Missão Exploratória da Assembleia Parlamentar Paritária de África, Caraíbas e Pacífico e União Europeia (ACP-EU) manteve encontro conjunto de trabalho com o secretário de Estado e o governador da província de Cabo Delgado, no qual foi apresentado o informe das autoridades governamentais, referente à situação sociopolítica e económica local, com enfoque para o impacto das acções protagonizadas por grupos terroristas.
A missão visitou o projecto “+Emprego”, uma iniciativa financiada pela União Europeia e co-implementada pelos Institutos Industrial e Comercial de Pemba e Camões, visando a formação técnico-profissional, nas áreas de electricidade instaladora e soldadura, de jovens deslocados dos distritos afectados pelo terrorismo em Cabo Delgado.