Para o Fórum Mulher, esses centros são insuficientes para as necessidades do país. No entender desta organização da sociedade civil é inconcebível que a Cidade de Maputo tenha apenas quatro centros.
Há quatro Centros de Atendimento Integrado para Vítimas de Violência na Cidade de Maputo, sendo um no Hospital Geral de Mavalane, outro no Centro de Saúde de Bagamoio, um no Hospital Geral José Macamo e por fim um no Centro de Saúde 1º de Maio, para atender os sete distritos da capital do país.
Segundo Mangia Macuácua, do Fórum Mulher, esses serviços especializados para o acompanhamento das vítimas de violência doméstica, são escassos, o que condiciona uma assistência adequada aos sobreviventes da VBG.
“O ideal seria que tivéssemos Centros de Atendimento Integrado para Vítimas de Violência (CAIVV) em todo o país, para que os serviços estejam mais próximos da comunidade. Não estamos a falar dos pontos de entrada, que são os hospitais e esquadras, estamos a falar de lugares próprios e com os recursos necessários para tornar o atendimento e o apoio às vítimas mais flexíveis, abrangentes e efectivos”, explicou a nossa entrevistada.
A fonte disse que, em 2020, por exemplo, houve o registo de 18. 554 denúncias, das quais 9 754 eram contra a mulher, entretanto, por falta de CAIVV, muitas delas desistiram de dar seguimento e ter um desfecho do caso.
Além de infra-estruturas, nos CAIVV existentes, faltam kits completos de profilaxia pós-exposição e alguns têm apenas uma sala para todos os profissionais, o que compromete a confidencialidade no atendimento.
Não há meios circulantes para o transporte das vítimas em caso de transferência para outros serviços e as próprias vítimas é que são responsáveis pelo seguimento dos casos, conforme explicou a organização.
“Existe também morosidade na tramitação desses processos, isso faz com que as vítimas desistam dos casos. Porque os serviços estão dispersos, a vítima é obrigada a contar o seu caso em todos os sectores que for a dar entrada, o que acaba constrangendo-a vítima e fazendo com que ela desista de lutar pelos seus direitos”, lamentou a activista.
Por isso, a organização quer do Governo a expansão dos centros de atendimento por todo o país com serviços de qualidade, meios circulantes próprios para o transporte das sobreviventes, celeridade na resolução dos casos e casas para acolher as vítimas da violência baseada no género.