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ONP acusa Governo de exclusão no processo de produção de livros

Foto: O País

Reagindo à polémica do livro da 6ª classe de Ciências Sociais, a Organização Nacional dos Professores (ONP) diz que os erros contidos nos livros são resultado da exclusão, pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, dos professores na produção de conteúdos e sugere que o projecto dos manuais seja partilhado com a classe antes da versão final.

Os erros no livro de Ciências Sociais da sexta classe foram despoletados, e muitas críticas foram feitas. O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) já deu a mão à palmatória – assumiu a culpa e vai fazer erratas.

Esta segunda-feira, os professores fizeram soar a sua voz através da sua agremiação. A ONP considera que os erros contidos no livro da sexta classe podiam ter sido evitados se, na sua produção, não se tivesse excluído quem trabalha directamente com os manuais.

“Os professores devem fazer parte, não na produção do documento, mas os conteúdos leccionados em salas de aula, os docentes devem ver antes da impressão dos livros. Se nos permitissem, teríamos o projecto de tais manuais depois de os técnicos, seleccionados segundo os critérios apropriados. Então, antes de se imprimirem os livros, os professores devem observá-los”, referiu Teodoro Muidumbe, secretário-geral da Organização Nacional dos Professores, acrescentando que os chamados grupos de disciplina devem ver o projecto de “como será o futuro livro”.

O secretário-geral da ONP não aponta, de forma directa, de quem é a culpa para que tais erros, considerados graves, apareçam no livro e não descarta a possibilidade de se tratar de uma sabotagem ao Governo.

“Não estou a dizer que são amadores os que produzem os manuais. São equipas técnicas que trabalharam. Agora, por que cometeram aqueles erros? Há uma equipa que é para fazer a revisão e por que os revisores também deixaram passar os erros?”, questionou, de forma retórica, o secretário-geral da ONP.

Sem respostas a estas perguntas, Teodoro Muidumbe aventura-se na possibilidade de ser “um estrangeiro que nunca chegou à África que está a produzir livros até ao ponto de não ter noção de onde se localiza Zimbabwe e Mar Vermelho. Eu não conheço nenhum mar no interior do continente africano. Se forem moçambicanos, programaram fazer uma sabotagem ao Governo. Eu diria isso”.

Porque a culpa não pode morrer solteira, Muidumbe aponta o dedo a outro sector que pode ter falhado. “As equipas técnicas que trabalharam com esses conteúdos dos manuais deviam confiar, mas o melhor é controlar. Não houve controlo. É o que aconteceu”, apontou.

A comissão de avaliação do livro escolar é composta por técnicos dos Ministérios da Educação e Desenvolvimento Humano, Cultura e Turismo e docentes universitários, estes últimos que não usam os manuais em causa como instrumento de trabalho.

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