O Vice-presidente e Director-geral da OLAM para África Austral diz que Moçambique apresenta boas condições agro-ecológias para a produção de oleaginosas, como é o caso de amendoim, castanha de caju, macadâmia e soja. Para Shridhar Krishnan, a aposta nestes produtos pode permitir que o país se torne num grande produtor e exportador de óleo alimentar na região.
“Hoje em dia, cerca de 70 a 80% do óleo consumido em Moçambique é de palma e isso não é só em Moçambique; se olhar para todo o mundo, mais de 60 a 70% do óleo consumido é de palma e todos nós sabemos que a sua produção exige determinadas condições agroclimáticas encontradas maioritariamente no sudoeste da Ásia. Nós não temos essas condições agroclimáticas para a sua produção e a única opção que nos resta é migrar do óleo de palma para abraçar as oleaginosas que são economicamente benéficas, tanto para o produtor como para o consumidor. Se isso acontecer, então aí temos uma oportunidade e, sim, deve começar de algum lado e precisamos, digamos, de 5 a 10 anos a contar a partir de agora”, explicou o gestor.
Toda a região da África Austral importa, por ano, cerca de um bilião de dólares de óleo alimentar e o Director-geral da Olam para África Austral disse, durante a sua intervenção na terceira edição da Mozgrow, que esta é um oportunidade que deve ser aproveitada por empresas moçambicanas envolvidas no agronegócio.
“Nós, e outras empresas envolvidas nesta cadeia, importamos cerca de 25 mil toneladas de óleo mensalmente. Para produzir esta quantidade de óleo são necessárias quase 200 toneladas de oleaginosas mensalmente. Para lhe dar uma ideia, a África do Sul produz cerca de 1 milhão de toneladas de oleaginosas a cada ano; aqui, próximo de nós, temos o Zimbabwe e a Zâmbia que produzem entre 150 a 200 mil toneladas de oleaginosas a cada ano. Isso mostra que, se quisermos alcançar esses níveis, precisamos de começar de algum lado. Aqui, no país, já iniciamos, temos alguma produção de soja, o que pode motivar cada vez mais os produtores a manterem-se firmes na produção e isso pode ajudar no processo de substituição, não em 100%, mas começaremos, sim, com a substituição”, avançou o responsável da Olam na África Austral
O responsável da Olam falou, também, do fomento da castanha de caju em Moçambique, onde a companhia tem larga experiência de trabalho e prescindiu, recentemente, de algumas fábricas de processamento de castanha de caju.
“Claramente, tratou-se de uma decisão global, em que tínhamos que reorganizar alguns dos nossos negócios em alguns países e um dos negócios afectados foi o da castanha, principalmente em países como Moçambique e Tanzânia onde também tínhamos o processamento a um certo nível. Decidimos focalizar toda a nossa atenção no processamento de castanha em alguns países e focalizarmos mais em negócios a jusante a castanha de caju, para além do esquema da castanha. Essa foi uma das maiores decisões tomada em termos de reorganização, impactou este negócio e que resultou no encerramento do nosso negócio de processamento da castanha de caju em Moçambique”, esclareceu Shridhar Krishnan.
A multinacional Olam opera há mais de 22 anos na área de agronegócios em Moçambique, tendo impacto na geração de empregos e na melhoria da vida de muitas famílias do meio rural.