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UniMaputo homenageia Calane da Silva

A Universidade Maputo (UniMaputo) prestou homenagem, esta terça-feira, ao poeta, escritor e jornalista Calane da Silva, que faleceu na última sexta-feira, na cidade de Maputo. A instituição de ensino superior diz que esta foi a forma que encontrou para demonstrar veneração e respeito ao seu docente, uma vez que não foi possível participar nas cerimónias fúnebres.

O evento foi realizado no pátio da UniMaputo, num espaço aberto, onde alguns poetas da nova geração declamaram alguns poemas de Calane da Silva e outros deles próprios, em homenagem ao escritor. Houve também um momento em que se falou da vida e obra do ensaísta Calane da Silva, desde o seu nascimento até a última sexta-feira da sua vida.

Em termos de participações, o evento teve a presença do Reitor da Universidade, Jorge Ferrão, que teceu elogios a Calane, seus familiares e colegas da área da docência que trabalhavam com ele naquela instituição de ensino superior.

A UPM diz ter realizado este evento porque, uma que ele morreu vítimas da COVID-19, suas cerimónias fúnebres não podiam ter mais do que 10 pessoas, sendo que, normalmente, a instituição tem destacado alguns quadros para as cerimónias fúnebres, em situações de morte de um dos seus membros, como disse Lonilda Sanveca, directora da faculdade de Ciências de Linguagem, Comunicação e Artes.

Entretanto, esta não foi a última vez que a UPM fez uma homenagem ao homem que se entregou à causa das letras em Moçambique. Leonilda Sanveca refere que a instituição ainda vai fazer outras homenagens “assim que isto abrandar um pouco e essa deverá ser uma homenagem científico-académica”.

Na cerimónia também esteve presente o académico José Castiano, que qualificou a partida de Calane da Silva como sendo uma “perda grande para o país”.

“O país perdeu um dos grandes linguistas, um dos grandes comunicadores, mas o que quero” sublinhar “é que não era só a língua que o interessava, é o que podemos fazer com ela. Com a língua pode-se lutar pela liberdade, pode-se lutar por mais inserção dos pobres”. É tudo isto que o país perdeu, na óptica de José Castiano.

Mas, antes do país perder, a família Calane, também perdeu um dos seus mais importantes membros. Alícia Calane, sobrinha do finado, não conseguiu segurar o choro quando era a vez de falar do seu tio que, muitas vezes, foi confundido com seu pai.

“Pelo trabalho que faço, viajo e eu nunca me senti perdida neste país, porque as pessoas me reconheciam pelo nome do meu tio. Ele sempre me chamava de filha espiritual, mas depois explicava que não passava disso. Acontece que eu e ele tínhamos uma ligação muito forte”, narrou.

O corpo de Calane da Silva nunca mais será visto nas ruas da Malanga, nem sequer sua boca será ouvida ao vivo, declamando ou dando uma daquelas suas críticas literárias ou ao jornalismo.

Jorge Ferrão, Reitor da Universidade Pedagógica de Maputo, inaugurou o livro de condolências que a instituição tem disponível nas suas instalações, à semelhança de um outro disponibilizado pela Associação dos Escritores Moçambicanos.

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