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Nyusi quer ver países africanos focados nos seus problemas energéticos

O Presidente da República diz que a produção de gás natural apenas para exportar desvia a atenção de países da África Subsaariana em resolver os seus problemas energéticos, como fraco acesso e dependência da energia hídrica. Quanto ao projecto da TotalEnergies, Nyusi diz haver bons sinais para a retoma.

O acesso à energia eléctrica na África Subsaariana é ainda muito fraco. Dados apresentados, hoje, pelo Presidente da República na Conferência de Mineração e Energia indicam que quase a metade da população da região não tem luz e os que têm ainda consomem quantidades bastante ínfimas. Diante da situação, países africanos, incluindo Moçambique, produzem gás natural para a exportação.

“Esta visão extrovertida que apenas se orienta ao mercado de exportação desvia a nossa atenção de duas situações com que o sector energético se debate no nosso continente e na região da SADC. A primeira tem a ver com o facto de que perto de 45% da população da África Subsaariana, mais ou menos 590 milhões de pessoas, não tem acesso à energia nas suas casas. O consumo per capita, excluindo a África do Sul, estima-se em 185 kilowatts por hora/ano, comparado com 6500 kilowatts hora na Europa e 12 mil kilowatts hora na América e grande parte dos países têm como fonte de energia a hidroeléctrica, em cerca de 80%”, fez saber Filipe Nyusi, Presidente da República.

Para reduzir a dependência da produção de energia através da água, uma fonte com vários riscos climáticos associados, Filipe Nyusi diz que o gás natural pode desempenhar um papel importantíssimo. Entretanto, há um calcanhar de Aquiles: o financiamento.

“Nos últimos 10 anos (até 2021), cerca de 2/3 da nova geração de energia veio de centrais térmicas a gás, o que oferecia maior flexibilidade e estabilidade face às incertezas decorrentes das alterações climáticas, sendo benéfico para o continente africano. Todavia, esta tendência enfrenta o dilema de financiamento, não por falta de viabilidade, mas porque alguns países e instituições financeiras não se predispõem a financiar projectos que usam combustíveis fósseis, mesmo que o gás apresente determinadas características a saber: primeiro, como menos poluente dentre os combustíveis fósseis; segundo, sirva de salvaguarda à natureza intermitente das energias renováveis; e, terceiro, apresenta-se como solução de longo prazo, pelas possibilidades que oferece para a sua conversão em hidrogénio. Neste quadro, as energias renováveis no continente, apesar do seu progresso, continuam a contabilizar um peso insignificante e geralmente é usada como solução para a oferta fora da rede”, avançou Filipe Nyusi.

No tocante ao projecto bilionário de gás natural suspenso devido ao terrorismo na região Norte do país, liderado pela TotalEnergies, Filipe Nyusi diz haver bons sinais para a retoma.

“É nossa expectativa que o empreendimento em terra Mozambique LNG, cujo operador é a TotalEnergies, volte a ser implementado com brevidade, pois urge aproveitar a janela de oportunidades do mercado com a alta de preços e temos estado a trabalhar assim. A cooperação e coordenação com a TotalEnergies é muito favorável, o ambiente de trabalho também contribui para que, a qualquer momento, possam retomar essa actividade”, garantiu Filipe Nyusi.

No evento, o Chefe de Estado destacou, também, o início, este ano, do fornecimento de grafite de Balama, distrito da província de Cabo Delgado. Porém, lamenta o facto de ainda não se fazer o processamento de minerais em Moçambique.

“É aqui onde há problema. Eu gostaria que a conferência trabalhasse no sentido de que os investidores comecem a pensar em transformar tudo aqui. Isso facilita. Os custos de transporte vão ser muito menores e não só, vão dar a sua contribuição para empregar mais moçambicanos e há condições agora em Moçambique. Uma das coisas que têm colocado é sobre energia”, referiu o Presidente da República.

Participaram no evento ministros de Recursos Minerais e Energia moçambicano e de outros países, representantes de países de exportadores de gás natural e produtores de petróleo, entre outros.

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