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Nyusi diz que serão construídas estradas alternativas à EN1

O Governo quer construir mais estradas que sejam vias alternativas à Estrada Nacional Número Um. A informação foi revelada, ontem, pelo Presidente da República depois da  inauguração da estrada Macia-Chókwè.

A chuva caía de forma intermitente e tímida, na manhã desta quarta-feira, na província de Gaza. Eram nove horas! Assim já previam os termómetros do Instituto Nacional de Meteorologia.

Justamente neste dia, ontem, o Presidente da República procedeu à inauguração da estrada de 62 quilómetros que liga Macia-Chókwè, já reabilitada e ampliada. Filipe Nyusi descerrou a lápide, cortou a fita, sentou-se ao volante e experimentou a condução numa via já melhorada.

No trajecto Macia-Chókwè, a estrada tem duas portagens que funcionam com a modalidade “by pass”, o que significa que, se o condutor paga uma, não paga noutra.

No seu discurso, depois da inauguração da rodovia, o Chefe do Estado destacou a importância económica das rodovias e a necessidade de introduzir vias alternativas nalguns troços estratégicos.

“O plano é de termos uma estrada alternativa à EN1 a partir de Macia até Inchope, província de Manica. A estrada Macia-Chókwè, Chókwè-Macarretane, Macarretane-Mabalane, Mabalane-Mapai, Mapai-Massangena, Massangena-Espungabeira, Espungabeira-Sussundenga, Sussundenga-Chimoio e Chimoi-Inchope. É verdade que é uma volta, mas há alguma coisa que se fica a fazer pelo caminho, dependendo da missão e do estado das vias”, revelou Filipe Nyusi, o Presidente da República.

Filipe Nyusi sublinhou ainda que, com a estrada inaugurada, esta quarta-feira, “bem como com asfaltagem da estrada Caniçado-Mapai, resta-nos agora o desafio de reabilitar a estrada Mapai-Massangena, Massangena-Espungabeira e construir uma ponte sobre o rio Save para ligar Massangena a Espungabeira e, neste momento, estamos a trabalhar afincadamente na mobilização de financiamento para a sua concretização”.

As vias alternativas à Estrada Nacional Número Um não são para tão já. “Nós estamos a projectar isso para o próximo PQG e deixamos bem feitinho para ir ao parlamento para ser aprovado porque é preciso pensar por alguma antecipação”, detalhou o Presidente da República.

Enquanto não lá chegarmos, o Presidente fala dos ganhos que advêm para o distrito de Chókwè com estrada que, esta quarta-feira, foi inaugurada.

“O distrito de Chókwè, que é potencial produtor de culturas diversas como o arroz, legumes, tubérculos e hortícolas, vai poder escoar estes produtos para os mercados internos e externos. Fazia o escoamento, mas com muita dificuldade e encarecia por causa desta dificuldade. Havia muita perda de produtos por causa da estrada. As perdas de produção irão reduzir e tornar esses produtos competitivos no mercado em termos de qualidade, quantidade, preço e não só”, referiu Filipe Nyusi.

Construída com base na parceria público-privada, a estrada Macia-Chókwè terá a manutenção periódica de quatro em quatro anos e quem vai pagar são os automobilistas através das portagens.

“A estratégia de recuperação de custos de financiamento de despesas de manutenção inclui a comparticipação directa do utente da estrada com a aplicação do princípio utilizador-pagador. Nós pedimos emprestado o dinheiro e este dinheiro vai ser pago pelo utilizador. A parceria com o sector privado é um caminho; o meu Governo irá continuar a apostar para melhorar a gestão e a manutenção das estradas nacionais num contexto de recursos limitados”, sublinhou o Chefe do Estado.

Filipe Nyusi deixou recados para os que criticam este modelo de actuação: “Por vezes, há aqueles que têm a tendência de desencorajar este tipo de iniciativas que são universais, são moda, são standard, mas só para poder dificultar a atenção do povo ou foco, uma solução de problemas que ocorrem em todo o mundo”.

Filipe Nyusi sublinhou que as obras de reabilitação da Estrada Nacional Número Um vão arrancar em Maio do próximo ano e aos que se limitam a criticar, o Presidente deixou uma mensagem.

“A gente conversa convosco, ouve quando vocês falam, quando pressionam o vosso Governo, mas também ouvimos quando não reconhecem o que se faz. Fazer o quê?”, questionou retoricamente o Presidente da República.

Não obstante estas críticas, considera Filipe Nyusi, “há um retorno que está a acontecer na Estrada Nacional Número Um. A estrada não está feita na totalidade muito bem e até nalguns troços nem parece reparação. Fica, mesmo, totalmente, como se fosse reabilitação ou uma estrada de raiz, mas ainda falta muito. Repito, ainda falta muito para não comprarem mensagem negativa”.

O ministro das Obras Públicas assegurou que o Governo vai continuar a mobilizar recursos para construção e reabilitação das vias de acesso.

“Reiteramos a nossa saudação a vossa excelência, o Presidente da República, pela sua liderança na busca contínua de abordagens inovadoras para o financiamento de infra-estruturas rodoviárias muito necessárias para o desenvolvimento sustentável do país. Reafirmamos o nosso compromisso de continuarmos a envidar esforços na mobilização de recursos de investimento com vista melhorar, cada vez mais, a rede de estradas no nosso país”, comprometeu-se, Carlos Mesquita, ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos.

Em nome da população, a governadora da província de Gaza agradeceu pela infra-estrutura.

“Esta rodovia é de vital importância porque permite o escoamento da produção gerada nas zonas Centro e Norte da nossa província, assim como serve para galvanizar o turismo do interior nas áreas de conservação e da costa, onde temos praias de beleza incomparável”, destacou a governadora da província de Gaza, Margarida Mapanzene.

A estrada Macia-Chókwè faz parte do lote de outras duas vias, Bilene-Macia e Chókwè-Macarretane, que se beneficiaram de uma manutenção periódica e o valor total do projecto que durou 19 meses é de mais de dois mil milhões de Meticais.

ACIDENTES DE VIAÇÃO EM GAZA PREOCUPAM FILIPE NYUSI

“O Governo está preocupado com o nível de acidentes, que, muitas vezes, ceifam vidas humanas, causas feridos e danos. A vossa província não está atrás. Alguma coisa, façam, caros líderes comunitários, sociedade civil…mudem o vocabulário ou os parágrafos ou a narrativa para apontarmos os problemas concretos e ajudar a população, ajudar a sociedade. Não podemos continuar a fazer estradas para morrer. Nós, até, podemos fazer lombas, está a ver o que é estrada com lombas do Rovuma ao Maputo ou de Chókwè a Macia? Então, como é que se chega? Lomba é quase buraco, também. Toda hora a subir e descer. Porque é que os outros países não têm lomba? Motorista fica toda hora pôr o pé na embraiagem, depois põe primeira e arranca. Isso até se faz nas cidades, em sítios com muito público, escolas, hospitais, mas não pode ser toda a estrada com lombas. Não é! Estatística feita indica que os nossos irmãos que trabalham na África do Sul são os que fazem menos acidentes aqui, porque estão a ganhar uma cultura de cuidado e se fazem acidente, muitas vezes, são batidos. Não digo que não fazem. Mas porquê não fazemos isso?”.

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