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Nyusi diz que forças conjuntas estão a intensificar ataques em Cabo Delgado

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O Presidente da República, Filipe Nyusi, esteve ontem em Ancuabe, onde constatou a normalidade no funcionamento das instituições e no dia-a-dia das populações nas zonas recentemente alvo de ataques terroristas. O Chefe de Estado confortou as populações e disse que a Força Militar Conjunta está a perseguir os terroristas para devolver a tranquilidade na região.

“Estão a fugir de fogos intensos. As nossas forças e nossos amigos estão a intensificar os ataques. Eles (os terroristas) estão com fome. Sabiam que vocês estão lá a produzir e têm comida. Eles vinham para buscar comida para continuarem. Sabemos que há alguns jovens que saíram daqui, Mocímboa da Praia, Palma e Nampula que estão com eles. Querem voltar, mas estão com medo”, disse Filipe Nyusi, para depois garantir que “nós vamos pedir para virem ficar com as famílias, em vez de ficarem no mato a fazerem confusão”.

Filipe Nyusi diz que as Forças da Defesa e Segurança e da SAMIM e Ruanda “vão continuar a perseguir, porque, agora, eles estão a fugir para Ancuabe e Meluco, e a meterem medo na estrada só para parecer que eles existem”.

Entretanto, o Presidente da República e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança reuniu-se, quarta-feira última, na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, com altas patentes do exército moçambicano e comandantes dos contingentes da SADC e do Ruanda que apoiam o combate ao terrorismo.

Segundo uma nota da Presidência da República, o Chefe de Estado e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança pretendiam inteirar-se do decurso das operações no Teatro Operacional Norte.

Lembre-se que os Chefes de Estado dos países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) decidiram, em Janeiro deste ano, em Lilongwe, Malawi, estender a presença de tropas em Moçambique para ajudar o Governo a combater o terrorismo em Cabo Delgado.

Estas forças, conhecidas como SAMIM, entraram em acção entre Agosto e Outubro do ano passado, tendo depois alargado a sua missão por três meses.

Já as tropas do Ruanda chegaram ao país em Julho do ano passado para se juntarem às Forças de Defesa e Segurança no combate à insurgência.

 

NYUSI APELA À SOLIDARIEDADE PARA COM AS VÍTIMAS DO TERRORISMO

O Presidente da República apelou ontem à vigilância e solidariedade para com as vítimas do terrorismo. Filipe Nyusi, que falava a propósito da passagem de 62 anos após o Massacre de Mueda, recordou que a efeméride é assinalada num contexto em que os ataques que afectam a província de Cabo Delgado provocaram a morte de mais de 2.000 pessoas.

“Hoje (referindo-se a ontem), celebramos os 62 anos do Massacre de Mueda, num contexto em que província de Cabo Delgado sofre os horrores do terrorismo que já ceifou mais de 2.000 vidas e obrigou mais de 850 mil pessoas a viverem longe de suas casas como deslocados. Ao mesmo tempo em que as nossas bravas forças prosseguem o combate ao inimigo, reiteramos o nosso apelo à vigilância e solidariedade para com as vítimas do terrorismo”, lê-se na mensagem do Chefe de Estado.

Filipe Nyusi recordou que, longe de embrutecer os moçambicanos, este acontecimento serviu para reforçar a unidade de um povo.

“Longe de silenciar o sonho secular dos moçambicanos pela sua liberdade, o Massacre de Mueda fez deflagrar a fúria de um povo e transformou-se numa inexorável chama da unidade que fez convergir nacionalistas de todo o país numa única Frente de Libertação que conduziu a epopeia libertadora até à derrocada do colonial-fascismo, culminando com a proclamação da independência nacional a 25 de Junho de 1975”, diz o Presidente da República.

Recuando no tempo, o Chefe de Estado lembrou que a população estava, na altura, expectante em ouvir falar sobre o alcance da independência nacional, até porque alguns países vizinhos já se haviam libertado do jugo colonial.

“No dia 16 de Junho de 1960, numa quinta-feira como hoje, a população do planalto de Mueda dirigiu-se à vila, para participar de uma reunião popular que seria dirigida pelo governador do então distrito de Cabo Delgado. A expectativa da população era que, naquela reunião, fosse abordada a possibilidade de concessão de independência aos nativos, tal como já vinha acontecendo em alguns países africanos, incluindo na vizinha Tanzânia. Este pedido pacífico e genuíno da população foi respondido pelo crivo das balas assassinas da tropa colonial, que resultou na morte de centenas de moçambicanos”, recordou o Estadista moçambicano.

16 de Junho foi consagrado o Dia da Moeda Nacional, o Metical e assinala-se o Dia da Criança Africana, instituída pela então Organização da Unidade Africana (OUA), hoje União Africana (UA). O Chefe de Estado não deixou de felicitar os petizes que muito sofreram com o regime do Apartheid, na África do Sul.

“Foi pela dimensão histórica do Massacre de Mueda que o Governo moçambicano consagrou 16 de Junho como Dia da Moeda Nacional, o Metical, por forma a imortalizar o sonho dos mártires de Mueda. E porque no dia 16 de Junho se comemora, também, o “Dia da Criança Africana”, instituído em 1991 pela OUA, em homenagem às crianças negras barbaramente assassinadas pelo regime do Apartheid, no Soweto, na África do Sul, dirigimos uma palavra de carinho a todas as crianças do nosso continente, apelando a todos os actores para contribuírem na consolidação da paz e harmonia permitindo que a criança africana cresça com esperança e tenha um futuro risonho. Bem-haja os mártires de Mueda e feliz o Dia da Criança Africana”, saudou Filipe Nyusi.

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