O Presidente da República, Filipe Nyusi, diz que os pugilistas moçambicanos são heróis e promete trabalhar para a melhoria das condições de trabalho dos mesmos. Nyusi felicitou, esta quarta-feira, a selecção nacional pela conquista de nove medalhas no “Africano” dos Camarões durante um encontro mantido com as atletas na Sala Nobre da Base Aérea.
Sem formalismos, tal como fez questão de alertar o mestre-de-cerimónias na introdução do encontro, o Presidente da República, Filipe Nyusi, antecipou-se à deslocação dos pugilistas nacionais a Dakar, Senegal, em Setembro, onde vão disputar uma etapa decisiva de qualificação para os Jogos Olímpicos Paris 2024, para reconhecer os seus feitos ao nível internacional. Feitos que dignificam o país, e que constituem motivo de orgulho para os moçambicanos, sobretudo, quando os atletas se transcendem e superam as adversidades com as quais se têm deparado no dia-a-dia.
Dirigindo-se aos atletas, treinadores e dirigentes da modalidade antes de cumprirem um estágio pré-competitivo, o Chefe de Estado destacou que “vocês são heróis deste país, não devemos esperar pelos momentos bons, mesmo nos momentos difíceis da nossa vida temos de vos elogiar.”
Com uma presença inédita nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, e o domínio que tem exercido nos ringues ao nível da região e do continente, o boxe reclama outro tipo de tratamento. E o Presidente da República promete intervir para que a modalidade continue a dar o salto qualitativo. “Quero agora felicitar-vos pelo trabalho muito belo que fizeram. É extremamente agradável e temos de encontrar uma forma de vos reconhecer de forma visível, e não apenas através de palavras”, reconheceu o Presidente da República.
Mesmo em meio a dificuldades, os pugilistas garantem dar o seu melhor para que o país brilhe a cada dia no concerto das Nações, sendo de destacar o facto de Alcinda Panguana e Rady Gramane serem bicampeãs africanas. Mais ainda: as duas atletas estão na posição 1 do “ranking” mundial das respectivas categorias, tal como fez questão de sublinhar o presidente da Federação Moçambicana de Boxe, Gabriel Júnior. E, perante os factos, Nyusi nada mais fez senão assumir que há necessidade de prestar maior apoio à selecção nacional de boxe.
“Bons treinos para vocês. Continuarei a acompanhar o vosso desempenho. Falarei com o Gabriel Júnior e com o Gilberto Mendes para perceber como está a acontecer a vossa evolução e, também, para garantir aqueles apoios dentro da capacidade do país. Vocês tanto merecem, fazem tudo sozinhos e o país é que colhe os frutos. Mas é assim mesmo, as federações foram feitas para pensar, e gosto quando são criativos e inovadores. Vamos espalhar esta modalidade pelo país. Acredito que existem talentos e, se fizerem isso, os vossos nomes continuarão a crescer além-fronteiras. Sabemos que isso tem custos, mas façam dentro das vossas capacidades”, apelou Nyusi.
NYUSI: “O QUE MAIS APRECIO NA FAMÍLIA DO BOXE É A UNIÃO”
A união faz a força e é o segredo para o sucesso, pelo que Nyusi destacou este espírito no seio dos pugilistas. “Continuem unidos. O que aprecio na família do boxe é a união que existe, a coesão entre a equipa técnica, o alinhamento entre a direcção da Federação e a área do desporto ao nível do país. Isso é fundamental para o sucesso. No tempo em que dirigi o desporto, aprendi que, quando a equipa, nas vésperas do jogo, começa a murmurar e a exigir coisas, fica claro que não vai conseguir os resultados desejáveis. Isto porque é o argumento que se coloca à frente e as pessoas não batalham e não se entregam para o sucesso”, frisou o Chefe de Estado, como que a lembrar o episódio de Kigali, no qual as atletas da selecção nacional ameaçaram não jogar por falta de pagamento de subsídios.
O Chefe de Estado fez questão de a selecção nacional de boxe participar no cerimonial de despedida a Angola, onde irá participar na 43.ª Cimeira Ordinária dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). “Tenho de arranjar um tempo. Não queria que fosse um ambiente formal. Quando conversei com as meninas do basquetebol, em Kigali, já estava num ambiente mais descontraído, e foi na casa do embaixador. Nós vamos criar um ambiente desses. Desejo-vos um bom estágio, trabalhem como sempre trabalharam. Normalmente, quando aparecem outras pessoas depois das vitórias, vocês ficam mais nervosos do que é habitual. Mas, como vocês estão habituados a ganhar, creio que estão fora desse risco da emoção. Por isso, voltarei a estar convosco num ambiente totalmente descontraído, onde conversaremos tête-à-tête”, assegurou Nyusi.
Rady Gramane, bicampeã africana, fez ecoar a voz dos seus colegas de selecção nacional: “Excelência, muito obrigado. Estamos felizes por estar aqui. Temos vivido anos de conquistas, é um trabalho de grupo, depois da conquista dos Camarões, no Campeonato Africano, segue mais uma missão que é a qualificação para os Jogos Olímpicos na qual nos comprometemos a prepararmo-nos para dar o melhor de nós e elevar a bandeira de Moçambique”, disse Rady Gramane.