Famílias ressentem-se, outra vez, do drama das inundações, na capital do país, em resultado da chuva que caiu entre o último sábado e esta segunda-feira. Velhos problemas relacionados ao deficiente saneamento do meio vieram à tona, para o desespero de várias famílias.
Sempre que chove, na Cidade de Maputo, o dilema das inundações repete-se. Ruas e casas inundadas e tráfego condicionado, esse é o cenário que caracteriza bairros como Maxaquene, Hulene, Chamanculo e Ferroviário, devido ao deficiente escoamento das águas pluviais.
Nesses bairros, as famílias pernoitam de pé ou sobre as mesas. Alguns bens são destruídos pela água e, algumas vezes, arrastados para algures.
Teresa Uate vive no bairro Maxaquene há mais de 20 anos. A sua casa foi completamente inundada. Agastada com a situação, diz que não tem aonde ir, senão permanecer no local.
“Estamos a sofrer. Esta água é da chuva da semana passada”, disse a entrevistada, sublinhando que, com a chuva que caiu entre sábado e esta segunda-feira, o drama se agravou. “Assim que choveu novamente, [a água] acumulou-se. No interior da casa, está tudo molhado, nem casa de banho temos”, lamentou Teresa.
Os moradores daquele bairro explicam que as inundações pioraram após a inauguração, em meados de 2021, de uma bacia de retenção de água, que, ao que tudo indica, não foi bem construída.
Com os pés descalços e a água acima do joelho, Domingos Chimbeve pede intervenção urgente das autoridades competentes.
De acordo com a fonte, antes da construção da referida bacia de retenção de água, os moradores não se queixavam do martírio a que estão sujeitos sempre que chove. Em todas as casas, “ninguém dorme”.
No bairro Hulene, a fúria das águas não poupou os estabelecimentos comerciais nas redondezas. Claudina Laura é uma das proprietárias e conta que, nos dias que correm, o seu negócio não rende. “Ultimamente, está tudo parado. Ninguém sai de casa para comprar algo” na sua loja, “por causa da água. A única coisa que posso fazer é utilizar a minha vassoura para tentar diminui-la”.
A situação preocupa também a família Langa, que diz não dispor de botas para atravessar o rio que se formou com a última chuva, o que traz receios em relação à saúde, porque sempre que há água acumulada, o risco de adoecer é maior.
“Eu, por exemplo, encontro-me constipado e, quando é assim, temos sempre que correr para o hospital à procura de medicamentos. A água invade até os compartimentos da casa”, lamentou José Langa.
Para minimizar o sofrimento, alguns moradores de Maxaquene, Hulene, Chamanculo e Ferroviário sugerem que se construam valas de drenagem para o escoamento das águas pluviais.