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Nyusi critica países industrializados pelo incumprimento de acordos ambientais

Presidente da República abriu ontem o VII Congresso sobre Educação Ambiental e pediu que, além dos países pobres, a educação ambiental abranja os chamados “maiores poluidores”.

Os países mais industrializados do mundo são relutantes em não cumprir os acordos ambientais que assumem, criando prejuízos aos países pobres e mais vulneráveis às mudanças climáticas.

A revelação foi feita ontem pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, na abertura do Sétimo Congresso Internacional de Educação Ambiental, um evento que junta representantes dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para buscar respostas sobre como a educação pode ser uma arma para a protecção do ambiente.

“O que nos preocupa é o incumprimento dos acordos alcançados, sobretudo por parte dos países industrializados, que são os maiores causadores das mudanças climáticas. Na COP21, realizada em Paris, em 2015, por exemplo, os líderes mundiais comprometeram-se a manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2 graus centígrados, acima dos níveis pré-industriais, e continuam com esforços para limitar esse aumento da temperatura em 1,5 graus centígrados. No entanto, um relatório de 2021 do Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas nota que, para que a meta seja atingida, as emissões de dióxido de carbono devem ser reduzidas em 48% até 2030, o que será difícil, devido à relutância dos países industrializados em cumprir o acordo”, disse Filipe Nyusi.

É por esses incumprimentos que Filipe Nyusi entende que, além de visar os países pobres, a educação ambiental deve também estar virada para os maiores poluidores.

“A educação ambiental não deve ser vista como direccionada às comunidades em um sentido. Ela mostra-se como uma ferramenta crucial para alcançar o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões, mas movida, sobretudo, para os mais poluentes.”

A violação das disposições acordadas entre as nações nas conferências ambientais acaba por impactar negativamente em países como Moçambique, aumentando a sua vulnerabilidade aos eventos climáticos extremos.

“No caso particular de Moçambique, a situação é agravada pela sua localização geográfica, numa zona de convergência das correntes quentes do oceano índico e das correntes frias do oceano atlântico”, afirmou o Chefe de Estado, apontando o ciclone Idai como um dos exemplos mais claros da vulnerabilidade do país aos eventos extremos. Em 2019, com o ciclone Idai, mais de 600 pessoas perderam a vida, infra-estruturas como estradas, pontes e linhas férreas, rede de energia eléctrica e telecomunicações, sistemas de abastecimento de água e agrícola ficaram seriamente destruídos, principalmente na cidade da Beira, o segundo maior centro urbano do país. Os danos do ciclone foram estimados em cerca de 3,2 biliões de dólares.”

A CPLP tem, desde Abril deste ano, um instrumento que orienta os países sobre como promover a educação ambiental, um ganho segundo o secretário-executivo da organização. “Este documento acolhido pela 9ª reunião dos ministros do ambiente da CPLP, realizada no Lubango em Abril último, espelha a força dos laços de amizade e solidariedade que nos unem, bem como a sólida cooperação que juntos conseguimos empreender em torno dos desafios comuns ou mais complexos que sejam.”

O congresso vai durar quatro dias, durante os quais, entre outros aspectos, os países partilham experiências pedagógicas sobre educação ambiental.

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