Suposta feitiçaria praticada por pais contra os próprios filhos voltou a ser, mais uma vez, justificação para um crime considerado hediondo em Inhambane. O episódio deu-se no distrito de Homoíne, na noite de segunda para terça-feira. Três irmãos recorreram a paus para tirar vida ao próprio progenitor.
Os cidadãos estão detidos em Homoíne e deverão responder pelo crime de que são acusados, segundo a Polícia.
Um dos indiciados contou que tudo começou depois de um desentendimento que terminou em agressão física entre a vítima e a esposa. Esta dirigiu-se à casa de um dos filhos para pedir ajuda. Reagindo em socorro da mãe, o mais velho entre os descendentes conversou com o pai e chegaram a um entendimento.
Entretanto, horas mais tarde, o entendimento que havia, diante do problema que dividia o casal, caiu por terra. Supostamente, o finado voltou a agredir a mulher, deixando a família agastada.
O irmão mais velho narrou que amarrou o próprio pai, submeteu-o à agressão física até perder a vida. Ele agiu sozinho e, alegadamente, os irmãos estavam na machamba, naquela hora da noite.
Este ano, mais de trinta pessoas foram assassinadas e mais da metade destes por suposta feitiçaria.
Juma Dauto, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Inhambane, manifestou preocupação com homicídios, sendo a feitiçaria a principal causa, seguida de crimes passionais.
Dauto aproveitou a ocasião para apelar à população para que use mecanismos legais e pacíficos no sentido de resolver qualquer que seja o diferendo. Salientou que a justiça pelas próprias mãos sempre acaba em tragédia e nunca resolve o problema.
Este episódio lembra outro assassinato nos mesmos moldes, em Setembro do ano passado, na cidade da Maxixe, onde um grupo de irmãos enterrou vivo o próprio pai, acusando-o de feitiçaria. Há poucos meses, eles foram condenados a penas que vão até 23 anos de prisão, pelo Tribunal Judicial de Inhambane.