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Nyusi apela rendição dos terroristas e de Mariano Nhongo

Foto: O País

Sob o lema “Moçambicanos Unidos para a Paz e Reconciliação e Justiça rumo aos 30 anos de assinatura do Acordo Geral de Paz em Moçambique”, o país celebra hoje, segunda-feira, o 29º aniversário da assinatura do Acordo de Paz e de Reconciliação Nacional.

Falando à Nação, o Presidente da República, Filipe Nyusi, destacou os avanços no combate ao terrorismo em Cabo Delgado e apelou para a rendição dos terroristas que, para além de matarem, recrutam jovens e crianças para se juntarem às suas bases, que, segundo o Chefe do Estado, foram destruídas pelas Forças de Defesa e Segurança e o inimigo encontra-se em permanente fuga.

“Temos a certeza de que há dirigentes ou líderes destas forças que estão a fugir, mas o que nos preocupa são os nossos compatriotas. Outros foram recrutados e, já que as bases não existem, estão a correr de um lado para o outro. Queremos convidá-los a não esperar à morte e perseguição. Não é essa a intenção das Forças de Defesa e Segurança. De uma forma ordeira, entreguem-se para não serem atingidos inocentemente. Nós queremos os nossos compatriotas do nosso lado”, exortou Filipe Nyusi.

Ainda em relação ao Teatro Operacional Norte, Filipe Nyusi reiterou que os ataques continuam e que “a destruição das bases faz com que o inimigo não esteja nos pontos onde se escondia”.

Para Filipe Nyusi, este é mais um motivo para enaltecer “as nossas Forças de Defesa e Segurança que continuam a perseguir os terroristas dia e noite, trabalhando em prol da restauração e segurança da ordem e tranquilidade”.

“Saúdo as Forças de Defesa e Segurança que, com bravura e sacrifício, se encontram na linha da frente a lutar pela paz e estabilidade e nós sempre estaremos lá”, acrescentou.

O apelo para a rendição é, também, extensivo a Mariano Nhongo, líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, que se encontra em parte incerta.

“Faço outro apelo a Nhongo (entenda-se Mariano Nhongo), que não fique também à espera que algo sério lhe aconteça, seria maior desgraça para nós. Isso que aconteceu agora no dia 28, no ponto administrativo de Inhaminga, lá em Cheringoma, não pode acontecer. Não pode correr de um lado para o outro até esquecer o casaco, tem que se entregar e depois nós vamos encaminhar-lhe para onde merece, ao DDR”, apelou o Presidente da República.

Sobre o Teatro Operacional Norte, Nyusi revelou que mais detalhes sobre o trabalho da Força em Estado de Alerta da SADC serão avançados esta terça-feira em Pretória, África do Sul, na Troika do Órgão para a cooperação nas áreas da política, defesa e segurança.

Há três meses em que a Força em Estado de Alerta da SADC procura erradicar o terrorismo em Cabo Delgado.

 

“NUNCA NOS RENDEMOS À VIOLÊNCIA”, FILIPE NYUSI

Há 29 anos, o antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, em representação do Governo, e o então líder da Renamo, Afonso Dhlakama, assinaram o Acordo Geral de Paz, em Roma, na Itália.

Após longo conflito que pôs fim aos 16 anos de uma guerra civil entre a FRELIMO e RENAMO, a 4 de Outubro de 1992, o Chefe do Estado afirmou hoje que Moçambique superou as desavenças e nunca se rendeu à violência.

“Firmamos o compromisso de reconciliação e de trabalharmos juntos unidos em prol do desenvolvimento de Moçambique. No dia 5 de Setembro, assinou-se, em Maputo, a cessação das hostilidades militares. Mesmo assim, ainda persistiram desavenças e conseguimos resolver novamente através de diálogo, tendo como cumprimento a criação do ambiente de confiança mútua entre irmãos, tendo alçando o acordo de paz e reconciliação de Maputo, celebrado a 6 de Agosto de 2019, ao abrigo de qual se desencadeou processo de desarmamento, desmobilização e reintegração dos homens da RENAMO”, referiu o Presidente.

O diálogo, segundo Nyusi, tem sido uma arma poderosa na resolução das diferenças, até porque “mostramos isso mesmo sem correspondência em Mueda, a 16 de Junho de 1960”.

Para Nyusi, o longo processo negocial que deu luz ao Acordo Geral de Paz de Roma foi “a maior prova da consciência nacional”. Contudo, o consenso alcançado em 1992 sofreu um forte abalo em 2012, com o ascender das hostilidades militares movidas pela Renamo.

“A unidade entre os moçambicanos é fulcral e a paz é a condição fundamental para o nosso desenvolvimento. Não se constrói um país com a mesma facilidade com que é destruído. Perde-se muito com a guerra”, afirmou Filipe Nyusi.

O Governo reafirmou, também, o compromisso de continuar a lutar em defesa da paz, apostando sempre no diálogo com todas as forças vivas da sociedade. Nesse exercício, Nyusi apelou à comunidade Internacional para que “continue connosco na concretização dos nossos sonhos de um país de paz efectiva e duradoura rumo ao bem-estar”.

 

NYUSI ALERTA QUE PODE APERTAR AS MEDIDAS DE CONTENÇÃO DA COVID-19

A situação epidemiológica nacional também ganhou destaque na comunicação do Chefe do Estado na Praça dos Heróis, em Maputo. Nyusi apelou para a observância rigorosa das medidas de prevenção da pandemia da COVID-19, de modo a evitar mais mortes e infecções pelo vírus.

“Nós decretamos aquelas medidas de relaxamento para promover o desenvolvimento. O que nós queremos é uma vida normal. Estamos a gerir bem a situação. Aquilo que aconteceu na primeira semana de relaxamento não foi muito bom. Queremos voltar às igrejas, mesquitas de forma massiva. Queremos estar em restaurantes, tranquilamente, e também estamos a preparar-nos para o final de ano”, sublinhou o Presidente da República.

Nyusi referiu que muitas reservas estão a ser feitas pelos moçambicanos e estrangeiros em várias estâncias turísticas, mas tudo pode ser cancelado se permanecer o desleixo.

“Não queremos frustrar-vos para as últimas semanas e dizer que cancelem, porque alguém ficou na praia a beber até amanhecer. Vamos entender-nos”, alertou Filipe Nyusi.

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