A população deslocada e acomodada nos centros de reassentamento dos distritos de Ancuabe e Metuge, em Cabo Delgado, pediu armas ao Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, para combater terroristas. Segundo as vítimas, não é a primeira vez que fazem o mesmo pedido a um governante, mas sempre foram orientadas para aguardar.
Em resposta, Carlos Agostinho do Rosário reconheceu a necessidade de envolvimento de todos os moçambicanos na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, mas alertou para o perigo de se alocar armas de fogo aos cidadãos para individualmente combaterem o problema.
A posição de Carlos Agostinho do Rosário foi publicamente manifestada na cidade de Pemba, durante a sua recente visita à província.
“As armas de fogo devem estar com quem deve estar. Com as Forças de Defesa e Segurança e com as pessoas que elas confiam”, explicou o Primeiro-Ministro, rejeitando a ideia de “distribuir a toda população como foi sugerido”, uma vez que há “o risco de se perder o controlo da situação”.
Estas declarações foram feitas durante a reunião do Conselho dos Serviços Provinciais de Representação do Estado, encontro alargado aos membros do Conselho Executivo Provincial.
Para Carlos Agostinho do Rosário, “há varias alternativas de envolvimento da população no combate ao terrorismo e no progresso da província”.
Segundo explicou o Primeiro-Ministro, “Cada um tem a sua arma. O Governo tem a sua arma. A população”, por exemplo, “tem a sua arma para produzir. Outros estão a estudar e outros nos hospitais (…)” para que haja “desenvolvimento”.
Outra preocupação levantada pelo Primeiro-Ministro está relacionada com o reassentamento dos deslocados. No final da sua visita, orientou ao governo da província para criar condições mínimas em todos centros que vão acomodar as vítimas do terrorismo.
“Não queremos que se criem aglomerados de pessoas. Queremos um reassentamento na perspectiva de desenvolvimento. A população vai requerer escolas, postos de saúde, água, arruamentos, postos de policiamento e tudo aquilo que” é indicativo de “desenvolvimento”, disse Carlos Agostinho do Rosário, reconhecendo algumas limitações financeiras para o efeito.
“Pedimos a todos parceiros que ajudem ao Governo na criação de condições básicas para a população de modo que tenha uma boa vida nos locais de reassentamento”, afirmou o governante na reunião do Comité Operativo de Emergência da província.
A visita do Primeiro-Ministro a Cabo Delgado durou dois dias e visitou os centros de reassentamento de Nanjua, no distrito de Ancuabe, onde estão cerca de 500 famílias; e o de Ngalane, em Metuge, com cerca de cinco mil pessoas. Carlos Agostinho do Rosário esteve igualmente no bairro de Paquitequete, o principal ponto de entrada de deslocados na cidade de Pemba.
Além das vítimas do terrorismo, o governante escalou igualmente o centro de internamento para pessoas com COVID 19, o laboratório de análises no Hospital Provincial de Pemba e a Escola Secundária de Pemba, onde se inteirou das medidas de prevenção da pandemia após a retoma de aulas no chamado “novo normal”.