Oitocentas e quinze pessoas deslocadas de Cabo Delgado, devido ao terrorismo, encontram-se na cidade de Quelimane, Alto-Molocué, Mocuba, Nicoadala, Namacurra, Chinde, Morrumbala e Milange, na província da Zambézia.
As vítimas, sem meios de sobrevivência, correspondem a 206 famílias e maior parte provém dos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia e Muidumbe.
As famílias pedem o fim da matança na província de origem. Segundo relataram, terroristas decepam cabeças de pessoas e queimam casas.
Hussene Abudo, um dos deslocados provenientes de Mocímboa da Praia, contou que alguns membros da sua família foram esquartejados pelos terroristas na sua presença e nada pôde fazer para que vidas fossem poupadas.
Abudo encontrou abrigo no distrito de Nicodala e garantiu que não pretende mais voltar para Mocímboa da Praia.
Mais gente continua a chegar em Nicoadala, fugindo de terroristas em Cabo Delgado. No distrito há, neste momento, aproximadamente 250 pessoas, correspondentes a 62 famílias. Algumas pessoas foram acolhidas por parentes e outras já foram reassentadas.
Duzentos e quinze talhões foram parcelados nos dois centros de reassentamento de Nicoadala, 47 das quais já atribuídas a algumas pessoas deslocadas de Cabo Delgado.
As autoridades explicaram que a distribuição de talhões é morosa porque depende da disponibilidade de material de abrigo. Para aliviar o sofrimento das famílias, lançou-se uma campanha de angariação de bens.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidade (INGC) diz, em comunicado enviado ao “País”, que prevalece a morosidade dos governos distritais na identificação e atribuição de talhões para as vítimas do terrorismo em Cabo Delgado.
Ademais, há necessidade de atribuição de insumos agrícolas e envolvimento do sector da agricultura para assistência às vítimas, bem como “fraco envolvimento das direcções provinciais e serviços provinciais” na indicação de “alternativas de resiliência e sustentabilidade das famílias”.