O académico Nataniel Ngomane diz que a superlotação de salas de aula no país, associada à falta de professores, se deve a falhas na planificação ao longo dos anos. O académico alerta para os perigos no processo de ensino-aprendizagem e defende que se deve repensar o Sistema Nacional de Educação.
O problema da superlotação de salas de aula não é de hoje e agrava-se a cada ano. Reagindo ao facto de haver turmas que chegam a ter mais de 100 alunos, o professor universitário, Nataniel Ngomane, defendeu que a solução está na planificação.
“Somos cerca de 32 milhões de habitantes e é possível prever o crescimento populacional, pelo menos de forma aproximada. Por associação, pode-se prever as necessidades e associar-se a uma planificação. Talvez tenhamos perdido a possibilidade ou a noção da importância de um plano preciso que projecta as actividades futuras”, explicou o académico, alertando que deste problema surgem consequências negativas que resultam num péssimo aproveitamento pedagógico.
“Dificilmente os alunos prestam atenção, aliás, são mais propensos a distrair-se, inclusive em conversas entre eles. Talvez escutem mal a voz do professor. Portanto, a quantidade de alunos em cada sala de aula tem de ser reduzida.”
Mas como reduzir o número de alunos por turma se há falta de professores?
“Nós temos de meter a mão na massa. Não podemos ficar à espera de donativos para pagar aos professores. Vamos fazer as projecções do crescimento da nossa população, ver quantas escolas são necessárias em função do desenvolvimento da mesma, particularmente da população escolar, que valores serão necessários. Vamos programar isso atempadamente e devemos envolver-nos directamente”, explicou Ngomane, que disse mais: “Temos de criar gabinetes técnicos para pensarem somente nestes assuntos e tentarem dar respostas através de propostas concretas sobre essa matéria.”
Para Nataniel Ngomane, não basta que uma educação de qualidade seja a prioridade do Governo somente na escrita. Há que buscar estratégias de materialização.