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NATO prolonga mandato de Jens Stoltenberg como SG por mais um ano

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) prolongou por um ano o mandato de Jens Stoltenberg como secretário-geral, numa decisão concertada entre os 31 Estados-membros.

“Honrado com a decisão dos aliados da NATO de prolongar o meu mandato como secretário-geral até 1 de outubro de 2024”, escreveu Stoltenberg no seu perfil do Twitter.

“A ligação transatlântica entre a Europa e a América do Norte tem assegurado a liberdade e segurança durante quase 75 anos”, acrescentou.

“Num mundo ainda mais perigoso, a nossa aliança é mais importante do que nunca”, completou.

FIM DE ESPECULAÇÕES

O anúncio de Stoltenberg coloca um ponto final na especulação quanto à sua continuação ou não como o secretário-geral da Aliança Atlântica.

O mandato tem habitualmente uma duração de quatro anos. O de Jens Stoltenberg devia ter terminado em setembro de 2022, no entanto, por causa da invasão da Rússia à Ucrânia, em fevereiro desse ano, os aliados optaram por prolongá-lo.

A questão da sucessão surgiu no início deste ano, mas Stoltenberg manteve o tabu, enquanto vários órgãos de comunicação social internacionais antecipavam possíveis sucessores.

Na semana passada fontes da Aliança Atlântica confirmaram a vários órgãos de comunicação social que estaria em cima da mesa uma segunda extensão do mandato de Jens Stoltenberg, antigo primeiro-ministro norueguês.

A precisamente uma semana do início da Cimeira da NATO, em Vílnius, na Lituânia, o secretário-geral anunciou que os 31 Estados-membros concordaram em manter a liderança, pelo menos mais um ano.

PERFIL: STOLTENBERG, O ECONOMISTA QUE FEZ DA DIPLOMACIA ARMA

Jens Stoltenberg é secretário-geral da Aliança Atlântica desde outubro de 2014, foi primeiro-ministro da Noruega durante o período mais negro da história recente do país, e a desordem no panorama geopolítico internacional valeu-lhe duas extensões do mandato.

Jens Stoltenberg, de 64 anos, natural de Oslo, licenciou-se em Economia pela Universidade local em 1987. A porta para entrar na política foi através da eleição como secretário de Estado no Ministério do Ambiente, no início da década de 1990, e mais tarde desempenhou as funções de ministro da Indústria e da Energia, e das Finanças.

Stoltenberg, que faz parte do Partido Trabalhista da Noruega, foi primeiro-ministro entre 2000 e 2001, e novamente entre 2005 e 2013. Foi a figura cimeira do partido entre 2002 e 2014.

Mas o principal desafio enquanto primeiro-ministro foi em julho de 2011, quando o neonazi Anders Behering Breivik fez explodir uma bomba no interior de um automóvel que estacionou junto ao gabinete de Stoltenberg e que matou oito pessoas. Breivik seguiu depois para a ilha de Utøya, onde estava a decorrer uma festa da juventude do Partido Trabalhista da Noruega e matou mais 69 pessoas.

Eleito em outubro de 2014 para secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), poucos meses depois da anexação do território ucraniano da Crimeia pela Rússia, Jens Stoltenberg chefiou a organização pelos momentos mais conturbados desde a Guerra Fria.

Dois anos depois de assumir funções, o secretário-geral precisou de recorrer à diplomacia intensiva para convencer o então Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que era do interesse de Washington permanecer na aliança militar e impediu uma retirada apressada e caótica do Afeganistão, que veio a acontecer na mesma no início da Presidência de Joe Biden.

No final de maio de 2023, questionado sobre que conselho daria a um sucessor que pudesse chocar novamente com Donald Trump como Presidente norte-americano, Stoltenberg referiu que os Estados Unidos têm de perceber que a sua força como potência mundial depende dos aliados que têm e que o novo contexto geopolítico não deixa margem para dúvidas.

Com o final do mandato de secretário-geral da Aliança Atlântica em 2022, havia especulação de que Stoltenberg rumasse ao Banco Central da Noruega para desempenhar funções como governador daquela entidade.

Mas em 24 de fevereiro desse ano a Rússia invadiu a Ucrânia e abalou a ordem mundial, trazendo o receio de uma guerra que pudesse alastrar ao resto da Europa e que obrigasse ao envolvimento da NATO.

Por isso, os aliados decidiram pela extensão do mandato por mais um ano.

No último ano, Jens Stoltenberg apontou sempre baterias ao Presidente russo, Vladimir Putin, insistindo que se as ações do Kremlin tinham como objetivo diminuir a presença da NATO nas fronteiras russas, a invasão à Ucrânia teve o efeito precisamente contrário.

E conseguiu consensualizar posições entre os 30 Estados-membros para a adesão mais rápida na história da organização da Finlândia e da Suécia. Helsínquia juntou-se oficialmente em abril deste ano, Estocolmo ainda está a braços com um diferendo com a Turquia para integrar a aliança como o 32.º país.

Stoltenberg sabe que a sobre si recai a maneira como o mundo, em particular os Estados autocratas, olham para a NATO. No último ano e meio quis mostrar que a Aliança Atlântica é resoluta no “apoio inabalável” à Ucrânia, que “continuará enquanto houver necessidade e até à Ucrânia vencer esta guerra”, enquanto tenta equilibrar ações e declarações para evitar uma escalada da guerra.

Em simultâneo também tem a tarefa de serenar as ambições da Ucrânia de aderir à NATO. A promessa está feita, mas é cedo para falar em calendários, até porque a organização não permite a entrada na aliança de países em guerra.

No final do próximo ano, Jens Stoltenberg cumprirá praticamente dez anos enquanto secretário-geral da NATO e está a chefiá-la durante o período mais conturbado desde o final da Guerra Fria.

Uma aliança maior, mas com menos consenso entre os seus membros, a abertura a outros países, o reforço do investimento na Defesa de todos os Estados-membros depois de décadas de desinvestimento, o reforço do flanco leste sem esquecer que a China pode ser uma ameaça.

Se em 2019 o Presidente francês, Emmanuel Macron, apregoou a “morte cerebral” da NATO, os últimos anos aproximaram-na mais daquela que é a intenção descrita pelo Secretário de Estados dos Estados Unidos, Antony Blinken: Uma aliança “mais forte e mais unida do que nunca”.

E Stoltenberg tem insistido numa tese: o mundo “está mais perigoso do que nunca”, por isso, a NATO tem hoje um papel mais importante do que alguma vez teve.

Com a segunda extensão do mandato, Jens Stoltenberg vai também estar presente enquanto secretário-geral da NATO na cimeira do 75.º aniversário da Aliança Atlântica, em julho de 2024, em Washington.

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