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“Não sou colaboradora do SISE…”, Ângela Leão

Ré Ângela Leão

Eram 20 horas desta quinta-feira quando a Ordem dos Advogados de Moçambique, na qualidade de assistente do julgamento do caso das dívidas ocultas, foi concedida a palavra pelo Juiz Efigénio Baptista, para interrogar a ré Ângela Leão, que está a ser ouvida desde às 9 horas de hoje.

A OAM até recorreu para que o interrogatório fosse agendado para amanhã, argumentando que “já está tarde e a ré já está aqui há mais de 10 horas. E, no início desta sessão, o seu advogado disse que ela não está bem de saúde. A assistente preferia que este interrogatório passasse para amanhã, enquanto estamos mais fresquinhos”, disse João Nhampossa.

Um requerimento que recebeu uma resposta negativa por parte de Baptista, que voltou a passar a palavra à OAM para prosseguir com o interrogatório. A assistente até tentou solicitar o parecer do Ministério Público sobre a matéria, mas o mesmo lhe foi vedado pelo Juiz.

E lá começaram as questões da OAM. Ângela Leão é sócia maioritária da MULEPE, por essa razão a OAM quis saber qual era a sua motivação para ser sócia da MULEPE, tendo a ré dito que não ia responder à questão. Em jeito de insistência, João Nhampossa questionou se Ângela Leão é colaboradora ou funcionária da “Secreta Moçambicana” (SISE), uma vez que todos os sócios que compõem a empresa MULEPE o são.

De imediato, Ângela respondeu: “Não sou colaboradora do SISE. Sou esposa do antigo director-geral do SISE”, assegurou.

Leão recusou a responder a quem Cipriano Mutota prestava contas, e reiterou que quem devia estar a prestar depoimentos em Tribunal são “às pessoas que fizeram parte da contratação das dívidas”.

Ainda esta noite, Leão disse que o negócio de construção de imóveis não fazia como empresa, mas sim como particular e que estava em vias de legalizar a firma.

Ao representante da OAM, a ré também revelou que, aquando da instrução, foi perseguida pela Procuradoria-Geral da República, na pessoa do Procurador Alberto Paulo. “Eu pedi para deixar de ser perseguida. Perseguiram a mim, à minha família e aos meus trabalhadores. Eles até ofereceram dinheiro a quem fornecesse informações sobre mim. E eu disse-lhe que, como instituição, não precisa de usar esses métodos”, Ângela Leão.

Ângela Leão disse à assistente que não vê problema em não ter feito os pagamentos directamente e ter recorrido a Fabião Mabunda, a quem classificou como seu empreiteiro e gestor, actividades que, em algum momento, se confundiam. Leão fez saber, igualmente, que deve cerca de 20 e tal milhões de meticais a Fabião Mabunda.

“A empresa do Mabunda não era a única que me emprestava dinheiro. Eu sempre arranjava uma forma de ter o valor, para cumprir com os meus objectivos”, explicou Ângela Leão.

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