Hoje, foi a vez de Gregório Leão José, o décimo oitavo e penúltimo réu a ser ouvido pelo Tribunal.
Sentado no banco dos réus, Gregório Leão, que não era objectivo nas suas respostas, segundo o juiz Efigênio Baptista, disse ao Ministério Público que recebeu o projecto da Zona Económica Exclusiva de Moçambique, pela primeira vez, no SISE, através do Cipriano Mutota e que nunca soube qual era o papel do co-réu Teófilo Nhangumele naquele projecto.
O réu que tem dois dias reservados para ser ouvido contou ao Ministério Público que teria perguntado ao co-réu António Carlos do Rosário, à data dos factos, Director de Inteligência Económica do SISE sobre a função do Teófilo, mas nunca teve resposta.
“Não sei qual foi o papel do Teófilo Nhangumele, nunca me falou. Não sei quem o convidou para fazer parte do projecto”, respondeu Gregório Leão ao Ministério Público.
Gregório Leão participou e viu Teófilo Nhangumele em algumas reuniões do Comando Conjunto, mas diz que não sabe por que Teófilo apareceu a efectuar a apresentação do projecto e quem o teria convidado.
“Teófilo foi dispensado porque não era membro das Forças de Defesa e Segurança”. A nível do Comando Conjunto, o chefe decidiu envolver outros sectores que vieram participar da reunião. Nas duas sessões que eu me recordo, onde o Teófilo veio, eu disse que não conhecia, eu pensava que vinha daqueles sectores e apresentou os números. Nunca o abordei sobre o projecto”.
O réu de 64 anos, ex-Director-geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE) é acusado pelo Ministério Público de sete crimes – abuso de cargo, falsificação de documentos, abuso de confiança, branqueamento de capitais, corrupção passiva para acto ilícito, crime de peculato e associação para delinquir.
Gregório Leão é também acusado de autorizar o pagamento de despesas das viagens de alguns co-réus a Alemanha para apurar as potencialidades do Grupo Privinvest que iria fornecer equipamento e serviços para a Protecção da Zona Económica Exclusiva de Moçambique.
“As despesas foram devidamente justificadas e contabilizadas”, segundo a nota de acusação lida hoje pela magistrada Ana Sheila Marrengula.
Ainda segundo a acusação, à data dos factos, o réu que ocupava o cargo de Diretor-geral do SISE participou em todos os encontros oficiais de concepção da Proíndicus, EMATUM e MAM e facilitou a aprovação dos empréstimos ilegais e o negócio com a PRIVINVEST, representada por Jean Boustani.
Leão teria recebido nove milhões de dólares norte-americanos.
O julgamento dos 19 arguidos, dos quais 17 já foram ouvidos, acusados de envolvimento no caso das Dívidas Ocultas, o maior escândalo de corrupção na história de Moçambique, arrancou a 23 de Agosto cujo término está previsto para Dezembro, dada a complexidade do caso, segundo o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo.