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Aumentam casos de AVC na Cidade de Maputo

Foto: O País

Há cada vez mais casos de Acidente Vascular Cerebral na Cidade de Maputo. O Hospital Central de Maputo, por exemplo, recebe, por dia, entre 10 e 12 pacientes com sintomas da doença, contra uma média diária de três, que recebia até 2021. Já no Hospital Geral de Mavalane, as entradas diárias variam entre 10 e 15 pacientes.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e de incapacidade no mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que, anualmente, pelo menos 17 milhões de pessoas contraem a doença em todo o mundo.

No país, o Hospital Central de Maputo recebe, por dia, pelo menos 10 pacientes com sintomas do AVC, o que representa um aumento quando comparado com o ano 2021, em que a média a média das entradas diárias era de três pacientes.

O Acidente Vascular Cerebral é uma doença que começa no cérebro, causa dependência e deixa sequelas muitas das vezes indisfarçáveis, como alterações na face, dificuldade em movimentar o corpo e alterações visuais.

Os sintomas do AVC manifestam-se, quase sempre, de forma despercebida, por isso a doença ataca quando menos se espera, tal como aconteceu com António Macuácua, que tem mais de 50 anos de idade.

“Foi no mês de Junho do ano passado, quando despertei logo pela manhã, em mais um dia de trabalho. Na tentativa de tirar a roupa que ia vestir do guarda-roupa, apercebi-me de que o meu pé e a minha mão não estavam a funcionar”, explicou Macuacua.

Não foi tão diferente com Julião Zunguze, que um simples formigueiro que sentiu nas mãos deu início ao AVC há cerca de um ano.

“Naquele dia, eu senti tonturas, depois fui trabalhar e, pelo mal-estar, acabei por levar somente vinte minutos no trabalho. Voltei para casa e fui com a minha esposa a um convívio na casa da minha cunhada. Na madrugada do dia seguinte, comecei a sentir formigueiro”, contou ao “O País” o comerciante de 41 anos de idade, que teve todos os movimentos do seu corpo paralisados, durante semanas devido ao AVC.

Zunguze foi internado numas das unidades sanitárias da Cidade de Maputo, durante por duas semanas e do diagnóstico feito foi comprovado que sofria de hipertensão arterial, o que causou o Acidente Vascular Cerebral, “a minha tensão estava a 264, e depois de algumas horas passou para 274. Depois de medirem a tensão, os médicos analisaram e viram que algumas veias não estavam a funcionar devidamente”, acrescentou Zunguze.

Depois de recuperar a fala e os movimentos do corpo, Zunguze foi submetido aos serviços de fisioterapia e reabilitação, no Hospital Geral José Macamo, onde se encontra ainda a receber tratamento.

“Embora algumas células já estejam mortas e ele vá perder por completo algumas funções, na fisioterapia, queremos garantir que os pacientes pelo menos voltem a fazer as suas actividades diárias sem dependência”, explicou Zeferino José, responsável pelo Departamento de Fisioterapia no Hospital Geral José Macamo.

Entre as principais causas do Acidente Vascular Cerebral, estão a hipertensão arterial, a diabetes, a obesidade, o tabagismo e o sedentarismo. E os casos tendem a aumentar na Cidade de Maputo.

“No primeiro trimestre de 2021, recebemos, no Hospital Geral de Mavalane, 276 pacientes vítimas de AVC. Já no igual período do ano passado, tivemos 298 pacientes, um aumento de cerca de vinte casos da doença”, explicou Lino Senete, médico afecto aos serviços de fisioterapia no Hospital Geral de Mavalane.

O Acidente Vascular Cerebral é, muitas vezes, também associado à idade avançada, entretanto a doença tende a afectar também os jovens.

Dos cerca de dez casos diários que o Hospital Central de Maputo recebe por dia, uma parte dos pacientes são jovens.

“Na Enfermaria de Neurologia do HCM, durante o mês de Janeiro, tivemos seis internamentos de doentes vítimas de AVC e são pacientes com idades até 40 anos de idade”, revelou Nacha Naroz, neurologista, explicando que as causas são diversas, entre as quais “o alcoolismo, falta da prática de exercícios físicos, o estresse diário, os jovens não têm a capacidade de controlar e perceber que são hipertensos e diabéticos, os jovens dormem muito pouco e, em contrapartida, trabalham demais, a ansiedade em querer sempre mais do que se tem, tudo isso faz com que o cérebro fique exausto”.

Vencer as limitações impostas pelo AVC, levantar e seguir em frente é para muitos pacientes o maior desafio. Por isso, os demais deixam um apelo. “Caso tenhas esta doença, não fiques pensando e imaginando muito, pois senão poderá ter pela segunda vez”, apelou António Macuácua, paciente vítima de AVC.

Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que pelo menos 17 milhões de pessoas contraem a doença por ano no mundo.

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