A província de Nampula vai receber, até ao final deste ano, dez mil carteiras. Este número de carteiras vai beneficiar 690 mil alunos que estudam sentados no chão. Neste momento, a província tem 1,3 milhão de alunos distribuídos em doze mil salas de aula, em diversas escolas. Significa que quase metade dos alunos daquela província estudam sentadas no chão.
O governador de Nampula, Victor Borges, que orientou a réplica do lançamento do Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares, na Escola Secundaria da cidade de Nampula, disse pretender-se, com a iniciativa, beneficiar aos moçambicanos da sua própria riqueza, que é a madeira.
“Queremos fazer uma exploração sustentável do nosso património florestal, beneficiando esta e as gerações vindouras”, Victor Borges.
Refira-se que aquela província precisa de um total de 148 500 carteiras e, no próximo ano, o plano é de produzir 80 mil. Já em 2019, ano em que o Governo quer estancar a falta de carteiras, Nampula deverá produzir um total de 58 500 carteiras.
Na cerimónia de lançamento da iniciativa, este sábado, o governador pediu colaboração dos alunos, professores e encarregados de educação para a conservação das carteiras.
“Não basta produzir e entregar, quero pedir a todos para que as conservemos”, apelou.
No último sábado, várias províncias do país realizaram a cerimónia de entrega de carteiras, produzidas com a madeira vinda da “Operação Tronco”.
500 carteiras chegam à província de Maputo
O governador da província de Maputo, Raimundo Diomba, entregou, sábado, 500 carteiras à Escola Primária Completa Samora Machel, acto inserido no Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares. A iniciativa prevê produzir 824 361 carteiras, de modo a cobrir o défice nacional, até o fim do Quinquénio 2014/19.
Raimundo Diomba, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM), afirmou que as 500 carteiras constituem parte de outras, cuja entrega ainda está por acontecer na Escola Primária Samora Machel, assim como em outros estabelecimentos de ensino localizados na província de Maputo, com vista a reduzir o número de crianças que ainda assistem às aulas sentadas no chão.
“O Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares destina-se a combater o problema de alunos que assistem às aulas sentados no chão”, disse Diomba, acrescentando que a madeira usada para a produção das carteiras resulta da “Operação Tronco”, fiscalização que recolheu milhares de toneladas de madeira cortada ilegalmente ou abandonada nas matas do território moçambicano.
As carteiras, segundo o governador, conferem aos alunos um óptimo ambiente para a aprendizagem, menos dor, menos incómodo, assim como permitem sujar menos o uniforme escolar das crianças no decurso da actividade lectiva. O dirigente apontou, por outro lado, que a produção deve chegar a oito mil carteiras, a nível da província.
O apelo foi no sentido de as crianças façam de tudo para preservar o património escolar por muito mais anos.
O representante da Comissão de Pais, que enalteceu o gesto, disse que o estabelecimento de ensino conta actualmente com um universo de seis mil crianças, daí necessitar de mais 20 salas de aula para acomodar condignamente todas as crianças que estarão a frequentar as aulas, quando a actividade lectiva reiniciar em 2018.
Nas contas do Governo, a expectativa é iniciar o ano lectivo tirando um milhão de crianças do chão, através da produção de carteiras escolares, com a madeira apreendida até à data.
A “Operação Tronco” triplicou receitas do Estado no sector da madeira
O ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, disse que a receita do Estado triplicou este ano com o novo modelo de fiscalização de madeira, denominada Operação Tronco.
Falando este sábado, à margem do lançamento do Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares, feitas com base na madeira apreendida da “Operação Tronco”, Celso Correia revelou que o novo modelo de fiscalização da exploração de madeira está a permitir, também, que este recurso seja valorizado pelos operadores, na sua comercialização para fora de Moçambique.
“A maior parte da madeira exportada este ano foi processada e sentimos que com o novo modelo de fiscalização houve um aumento da valorização da madeira, que saía a um valor muito baixo. Isso deu origem ao aumento da receita para o Estado, que triplicou este ano”, disse o ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, que falava em Tete, no sábado. Refere que mensalmente há apreensão de madeira devido à exploração ilegal.
“Estamos num processo contínuo. Estamos a apreender madeira todos os meses. Mas a referência que temos, neste momento, é de cerca de 55 mil metros cúbicos certificados. Vamos actualizando os números em função do trabalho”, afirmou.
Celso Correia frisou, por outro lado, que a iniciativa de produção e distribuição de carteiras feitas com base na madeira oriunda da “Operação Tronco” tem por objectivo permitir um desenvolvimento rural integrado das comunidades.
“Este programa significa a implementação de um modelo integrado de desenvolvimento rural, que é o que o Governo defende para Moçambique, envolvendo uma exploração racional dos recursos, a sua transformação numa cadeia de valor produtiva e a sua interligação com o produto final, que beneficia a educação”, disse o governante.
Refira-se que antes do arranque do novo modelo de fiscalização de madeira, o país perdia anualmente mais de 200 mil hectares de floresta, com a exploração ilegal. Os recursos eram, depois, vendidos para fora de Moçambique.
Celso Correia espera que até ao próximo ano, 2018, a exploração de madeira esteja a níveis aceitáveis, de modo que se possa preservar a riqueza do país.
O Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares é iniciativa dos ministérios da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural e da Educação e Desenvolvimento Humano e resulta da “Operação Tronco”, uma campanha de fiscalização florestal madeireira, lançada em Março.