As Nações Unidas querem que Moçambique se torne campeão mundial na protecção de crianças em zonas de conflitos armados. Para o efeito, uma alta representante da instituição encontra-se de visita ao país.
A representante do secretário-geral das Nações Unidas para Assuntos de Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba, foi recebida, na tarde desta segunda-feira, no Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC), tendo mostrado disponibilidade para ajudar Moçambique a tornar-se campeão mundial na protecção de crianças em zonas de conflito, na sequência do mandato no Conselho de Segurança das Nações Unidas, iniciado em Janeiro último.
“Estou convencida que, depois deste encontro com a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Moçambique vai tornar-se campeão na prevenção de violência contra crianças em zonas de conflito armado”, disse Virginia Gamba à imprensa.
Os dados das Nações Unidas registaram cerca de 24 000 violações graves contra crianças em zonas de conflitos armados em 2021, no mundo sobretudo homicídios, mutilações e recrutamentos, e frisaram que os dados recolhidos em 2022 mostram a continuidade dessa tendência.
“Em 2021, último ano do meu relatório, a ONU verificou quase 24 000 violações graves cometidas contra crianças. As violações em maior número foram homicídios, mutilações e recrutamentos, seguidas da impedimento de acesso humanitário e sequestros. Enquanto preparamos o relatório para 2022, os dados recolhidos mostram que essas tendências (…) permanecem num nível chocante”, disse Virginia Gamba, representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflitos Armados aquando da apresentação deste relatório.
No entanto, diante dos ciclos contínuos de violência e conflito cada vez mais intensos, frequentes e complexos, a representante especial da ONU apontou a necessidade de identificar riscos pré-existentes.
Crianças sem acesso à educação, em situações de pobreza e deslocamento ou crianças com deficiência, estão entre as mais vulneráveis violações quando os conflitos emergem, de acordo com as Nações Unidas.
As Nações Unidas também defendem a salvaguarda dos espaços humanitários e o acesso livre a crianças, pessoal humanitário e bens, bem como apoio a programas de reintegração centrados no género e no sobrevivente. A ideia da organização é que isso era “crítico” para quebrar os ciclos de violência.