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Munícipes enfrentam crise de produtos básicos em Maputo

Os munícipes da Matola, na Província de Maputo, queixaram-se, esta quinta-feira, de estarem a enfrentar uma crise de produtos básicos, depois de grande parte das lojas do Mercado Matola H terem sido destruídas durante os protestos pós-eleitorais das últimas semanas. Já no grossista do Zimpeto, Cidade de Maputo, há escassez da batata.

Na Matola H, Província de Maputo, vê-se um mercado transformado numa verdadeira ruína, deixando os vendedores informais e eventuais clientes sem alternativa para adquirir produtos básicos que satisfaçam as suas necessidades quotidianas. Essa é a actual característica do Mercado Matola H, no município da Matola.

Com lojas saqueadas e vandalizadas, portanto, vazias, até para comprar uma simples garrafa de água, os munícipes recorrem aos vendedores ambulantes, pois nada se encontra no mercado.

Na Matola H, sobrou apenas o sector informal. É no informal onde os munícipes recorrem para fazer as suas compras.

Um armazém de carnes, por exemplo, ficou reduzido a nada. Além do stock saqueado, todo o sistema de refrigeração foi vandalizado. Sem revelar a sua identidade, um gerente de um estabelecimento descarta a possibilidade de voltar a reabrir o seu negócio.

Enquanto continua difícil o recomeço, para alguns, há quem se reinventa à moda informal. Por exemplo, Clara Eusebio, uma comerciante. No entanto, Clara Eusébio descreve o quão é difícil trabalhar nas novas condições, mesmo depois de ter conseguido tirar os seus produtos da loja antes de ser vandalizada.

Face a esta escassez de produtos básicos, começa a haver especulação de alguns alimentos essenciais, na Matola H.

No Mercado Grossista do Zimpeto, Cidade de Maputo, encontramos um cenário um pouco semelhante. Mais grave ainda, vê-se no local dois postos policiais queimados e, actualmente, não é possível ver por ali um agente da polícia sequer.

Para os vendedores do Mercado Grossista do Zimpeto, a segurança é por conta própria. Afinal, a Polícia da República de Moçambique já não circula pela infra-estrutura comercial.

Além de dois postos policiais, a Administração do Mercado Grossista do Zimpeto, também foi queimada e, consequentemente, não há cobrança de impostos.

Ainda no maior mercado grossista do país, alguns produtos, como o tomate, começam a registar redução do preço, depois de um agravamento na quadra festiva.

Por exemplo, uma caixa de tomate, que antes custava 1500 meticais, chega a ser comercializada, actualmente, a 700 meticais. Mas o mesmo não se pode dizer da batata reno, que quase nem existe.

Amadeu Magaia diz que há ainda dificuldades na circulação de camiões, tal facto, consistentemente, também dificulta a chegada dos produtos ao Mercado Grossista do Zimpeto.

Contrariamente aos anos anteriores, o Mercado Grossista do Zimpeto não registou apodrecimento de muitos produtos. Por um lado, porque os comerciantes receberam poucos produtos. Por outro, porque a concorrência foi maior nos dias a seguir a escalada das manifestações pós-eleitorais.

Ainda sobre vendas, em Vilanculos, Província de Inhambane, Vendedores de mariscos e de obras de arte dizem que, igualmente, não há clientes para comprar os seus produtos. Um comerciante que ficou retido na fronteira de Ressano Garcia, na Provincia de Maputo, vende cebola a preços baixos para não perder a mercadoria.

É uma tradição que turistas comprem obras de arte feitas por artistas locais, em Vilanculo, para oferecer como lembrança a amigos e familiares. Uma mulher decidiu levar a família para ver de perto o talento moçambicano. É o mar quente, o sol e as pessoas. “Levei a minha família aqui pela primeira vez, eles nunca estiveram fora da África do Sul. Somos 14 pessoas, aprendamos uma casa na praia e é maravilhoso”.

Mas quem vive da arte diz que este ano é diferente, pois não há turistas e, como consequência, não há quem compre as peças de arte.
O peixe é outra atracção de pessoas que vivem fora de Vilankulo e que levam para casa.

Um estabelecimento está com 12 caixas frigoríficas cheias de marisco, que era suposto vender nesta quadra festiva.

Durante a produção desta reportagem, chegou uma encomenda de apenas 2kg de camarão, por sinal, a primeira este ano.

Um camião carregado de cebola é o único que a vender no mercado de Vilanculo. O proprietário não aceitou gravar entrevista, mas revelou que ficou retido na fronteira de Ressano Garcia e só chegou a Vilanculo no dia 31 de Dezembro. Para evitar perdas, a solução é vender a cebola a preços baixos.

No mercado local, as vendedeiras reclamam que há pouca gente a comprar e os poucos que vem, reclamam do preço do tomate.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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