Moçambique vai aumentar a quantidade e qualidade de energia que fornece ao Zimbabwe, fruto de um dos acordos assinados hoje entre os dois países, no âmbito da visita que Emmerson Mnangagwa efectua ao país. O país vizinho quer também mais apoio para pôr fim às sanções impostas pelo ocidente no âmbito das reformas de terras .
O Presidente do Zimabwe, Emmerson Mnangagwa, chegou à Presidência moçambicana com as cores da bandeira do seu país no pescoço, mas, mais do que isso, o Estadista precisava de conversar com Filipe Nyusi. E assim foi. Tiveram um encontro à porta fechada com as suas delegações.
Das conversas, saíram acordos que foram assinados pelos ministros dos dois países das áreas de negócios estrangeiros, ciência e tecnologia, transportes e justiça. São, na verdade, instrumentos legais que deverão nortear, doravante, a cooperação de Moçambique e Zimbabwe.
Feito isso, os ministros dos Negócios Estrangeiros fizeram uma declaração à imprensa, sem espaço para perguntas. Mas, para começar, recuemos até ao ano de 2019, em que se assinou um acordo com base no qual, a Electricidade de Moçambique comprometia-se a fornecer 50MW à sua congénere ZESA. Mas Emmerson Mnangagwa pediu mais ao seu homólogo e Verónica Macamo explicou que isso surge devido “à crescente demanda por mais energia vinda de agricultura e exploração mineira”.
E essa demanda tem muito a ver com o facto de o Zimbabwe ter começado com o processo de devolução de terras aos fazendeiros, de quem o antigo e já falecido Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, tinha retirado no âmbito das Reformas de Terras. Isso custou ao país sanções impostas por alguns países do Ocidente. E aí surge mais uma necessidade de apoio, que, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comércio Externo do Zimbabwe, Frederick Musiiwa, já está em curso, por isso mesmo “o Presidente Mnangagwa expressou a sua apreciação ao seu irmão, o Presidente Nyusi, o Governo e o povo moçambicano por continuar a apoiar e prestar solidariedade ao Zimbabwe na luta pela remoção das sanções que nos foi imposta por países do Ocidente no âmbito da Reforma Agrária”.
Contudo, o Zimbabwe também tem algo a dar a Moçambique – o apoio na candidatura a membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Voltando à cooperação bilateral, os dois países partilham mais interesses, no domínio de recursos hídricos e outras áreas. “Queremos aumentar a nossa cooperação no domínio da agricultura, turismo, saúde e ensino superior”, referiu Verónica Macamo.
Os dois países passam a ter encontros anuais no âmbito da transformação, esta segunda-feira, da Comissão Mista em Comissão Binacional, chefiada pelos Presidentes dos dois países.