Moçambique vai acolher, em 2023, o sétimo Congresso Internacional de Educação Ambiental, a nível dos países falantes da língua portuguesa. Trata-se de um evento bianual que vai decorrer no país cuja candidatura para fazer parte do evento, feita em 2021, foi aprovada.
A informação foi avançada, este domingo, pela secretária permanente do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, durante a sua intervenção num evento co-organizado pela Câmara do Comércio e Conselho Municipal de Maputo, que marca a passagem do Dia Mundial do Ambiente, celebrado a cada 5 de Junho.
Segundo Emília Fumo, o sétimo Congresso Internacional de Educação Ambiental dos países e comunidades falantes da língua portuguesa vai decorrer sob o lema: “Educação Ambiental: ferramenta-chave para a sustentabilidade, por reconhecer o potencial de oportunidades que pode gerar sobre a vida na terra”.
Este lema, segundo explicou a nossa fonte, visa lembrar sobre a necessidade de equilibrar a busca por recursos e a protecção do ambiente e, para o caso de Moçambique, destacar o papel que a educação ambiental assume na busca de soluções perante os problemas ambientais e na transformação do indivíduo para melhor lidar com os desafios da natureza.
O evento ocorre numa altura em que o mundo vem sendo fustigado por eventos climáticos extremos, em consequência das mudanças climáticas, causadas por acções humanas nocivas ao ecossistema.
“Esta candidatura para acolher o sétimo Congresso Internacional de Educação Ambiental expressa o comprometimento do Governo de Moçambique em integrar os valores do ambiente nas políticas, programas educacionais, de governação e nas economias dos países da nossa comunidade, em prol de um desenvolvimento sustentável”, disse Emília Fumo.
O Governo tem grandes expectativas ao realizar o referido evento, querendo reunir, numa única plataforma, “todos os fazedores de educação ambiental da CPLP, entre políticos, académicos, cientistas, investigadores, sectores públicos e privados e todos engajados para a causa única de educação ambiental”.
Espera-se, igualmente, garantir a troca de experiências e iniciativas de educação ambiental, com destaque para “Um líder comunitário, uma floresta, Programa Escola Verde – Escola Gira, Programa de Educação, Comunicação, Divulgação Ambiental, Prémio do Jornalismo Ambiental, Feiras de Ambiente”, e tantos outros que contribuem para elevação da consciência ambiental.
O Ministério de tutela diz que Moçambique é signatário de diversos protocolos e tem as suas acções alinhadas aos mesmo, pois percebe que há que garantir o envolvimento e contribuição de todos os segmentos da sociedade, para evitar que o Governo, organizações que protegem o ambiente e outros da sociedade civil promovam campanhas que, no terreno, encontrem barreiras, por falta de comprometimento das sociedades.
CONSTRUÇÕES DESORDENADAS CONTINUAM UM DESAFIO
A poluição das águas, emissão de gases, construções desordenadas, acompanhadas pelo bloqueio de caminhos das águas, e o desmatamento constituem actuais desafios para as principais cidades do mundo e Maputo não é excepção.
O presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Eneas Comiche, que também participou das celebrações do Dia do Ambiente, fala da necessidade de haver mais eventos daquela natureza para, acima de tudo, despertar a atenção da humanidade sobre a valorização da vida sustentável em harmonia com a natureza, através de medidas de preservação e conservação, visando reverter a degradação dos ecossistemas, dinamizando acções educativas que reforcem a consciência sobre os perigos ambientais que se agravam à medida que cresce a ocupação do território e a exploração dos recursos naturais.
“O Município de Maputo, território privilegiado por ter sido abençoado com uma localização geográfica invejável, banhado pelas águas cristalinas do Índico, é, ao mesmo tempo, um dos pontos nevrálgicos no que diz respeito à exposição aos riscos climáticos, situando-se na linha de incidência dos ciclones que anualmente têm origem no Sudoeste do Índico. Em paralelo, a cidade está obviamente exposta às variações sazonais associadas às mudanças climáticas, tornando difícil a adopção de padrões de médio a longo prazo no planeamento físico e na gestão do uso do solo.”
Além destes factores dos quais a edilidade não tem controlo, existem outros que colocam em xeque a cidade e exigem uma intervenção mais visível.
“A expansão urbana que se verifica na nossa cidade tem provocado o desmatamento de extensas áreas outrora naturalmente inundáveis, para dar lugar a obras de urbanização, raras vezes acompanhadas pela provisão de sistemas de drenagem adequados. A consequência deste crescimento é a redução das reservas de inundação e infiltração, conduzindo a frequentes desentendimentos entre os munícipes e a edilidade”, afirmou o edil de Maputo.
Comiche reconheceu os desafios da cidade, porém apela para o envolvimento de vários sectores sociais e económicos, pois considera todos como parte da solução. “Perante este cenário, como gestores do território, queremos aproveitar este momento especial para, de mãos dadas com o Ministério da Terra e Ambiente e com os demais parceiros comprometidos com questões ambientais, reforçar a nossa aposta em acções que visam aprimorar a beleza da nossa cidade e assegurar a recuperação das áreas verdes urbanas, valorizando e melhorando os parques e jardins, restaurando e protegendo as áreas com valor ecológico actualmente degradadas, com destaque para os mangais e zonas pantanosas, e investindo em soluções inovadoras, visando a melhoria da mobilidade urbana”.
A edilidade propõe, ainda, a “continuar a realizar campanhas de limpeza nos bairros, nas praias, nos mercados, nas escolas e nas vias públicas, acompanhadas por acções de sensibilização e promoção de boas práticas, dando primazia ao plantio de árvores nas artérias da nossa cidade e na orla marítima”.
Yolanda Fernandes, vice-presidente da Câmara do Comércio de Moçambique, diz que o objectivo fulcral desta feira é garantir a difusão da informação sobre a necessidade de adoptar, cada vez mais, formas e ferramentas de trabalho e de negócio mais sustentáveis e amigas do ambiente, ou seja, “é possível fazer negócio sem destruir nem poluir”.
Estiveram no recinto mais de 50 empresários de ramos diversos, com destaque para a disponibilidade de energias limpas, através de painéis solares, produção de medicamentos diversos através de plantas medicinais e promoção de lâmpadas de baixo consumo.
Ainda no recinto do jardim zoológico, a efeméride foi marcada pela presença de empresários, através de uma feira co-organizada pela Câmara do Comércio e Conselho Municipal de Maputo.
Para o presente ano, o Dia Mundial do Ambiente é celebrado sob o lema: “uma só terra pela resiliência climática”.
Este ano, o evento coincide com a passagem do 50º aniversário da Conferência de Estocolmo, que deu lugar à institucionalização da data, por ocasião da primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972.
Refira-se que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) realizou, nos dias 2 e 3 de Junho, em Estocolmo, na Suécia, uma Conferência Internacional de Alto Nível, designada, ESTOCOLMO + 50, sob lema: “Uma só Terra”.
Moçambique fez-se representar pela ministra da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Ivete Maibaze.
Na conferência, o país lançou a reunião de consulta nacional, com o objectivo de promover uma reflexão sobre a agenda da sustentabilidade ambiental, em prol da preservação da vida no planeta terra e conta com a participação dos actores relevantes na área, com destaque para o envolvimento de mulheres, jovens, idosos, pessoas com deficiência, comunidades locais, bem como os demais representantes da sociedade civil e do sector privado.