Fim da participação de Moçambique na Expo Osaka 2025. O encerramento não podia ser melhor, com actuação de músicos nacionais, numa direcção artística de David Abílio e coreografada por Pérola Jaime, bem executada por percussionistas, bailarinos, actores, cantores e intérpretes. Fecha-se o ciclo nacional no Japão com chave de ouro, mostrado pelas várias performances culturais do nosso país.
O Comissariado Geral de Moçambique para a Expo Osaka 2025, COGEMO, realizou, de 13 de Setembro a 6 de Outubro, uma série de eventos culturais que juntaram diferentes expressões artísticas do País. A programação marcou os últimos dias da participação de Moçambique na maior exposição universal, que juntou mais de 160 países e organizações internacionais.
No último dia da participação de Moçambique, ontem, no Festival Station, realizou-se um grande show de encerramento designado “Raízes do Futuro: Moçambique entre Memória e Máquina”, um espectáculo que explorou o diálogo entre a herança cultural e a inovação tecnológica.
A proposta era conectar a riqueza das tradições moçambicanas (expressas na dança, oralidade, música e indumentária) às possibilidades criativas de ferramentas digitais, como Inteligência Artificial e projecções generativas.
A experiência é concebida como uma viagem sensorial, em que o passado e o futuro se encontram para afirmar uma identidade resiliente e em constante reinvenção. O público foi convidado a reflectir sobre como a tradição pode dialogar com a modernidade sem se apagar, e de que forma a tecnologia pode amplificar vozes culturais em vez de substituí-las.
A performance, com direcção artística de David Abílio e coreografada por Pérola Jaime, foi executada por percussionistas, bailarinos, actores, cantores e intérpretes, nomeadamente Xixel Langa, Radja Ali, António Marcos, Sick Brain, May Mbira, Lucrécia Paco e Alvim Cossa. O show foi antecedido pela actuação do músico tradicional Matchume Zango.
As actividades culturais no Pavilhão de Moçambique iniciaram no dia 13 de Setembro, com actuação da orquestra constituída por alunos da escola Azuchi Junior High School Music, de Japão, e o grupo de dança da Escola Secundária de Albazine, de Moçambique, numa actuação simultânea em formato presencial e híbrido.
Nos dias 15 e 16 de Setembro, os artistas moçambicanos Mr. Nhúngue e Tony Camacho, da província de Tete, apresentaram-se em concertos musicais, propondo uma fusão entre sonoridades tradicionais e contemporâneas, destacando mensagens de identidade, amor, convivência e esperança.
Também no mesmo período, a dupla composta pelo artista plástico Hamilton Jordão e instrumentista Jorge Juma fez uma excelente apresentação, fundindo pintura em tempo real e percussão, criando um ambiente de diálogo entre artes plásticas e música.
Nesta rica programação, nos dias 24 e 25 de Setembro, apresentaram-se a estilista Isis Mbaga e o artesão Tómas Melisse, que, através da Oficina Criativa de Moda, inserida no projecto Tecidos, Sons e Histórias de Moçambique, uniram a moda sustentável, artesanato têxtil, criando uma experiência única, reforçando a importância da preservação das práticas culturais e da economia criativa.
Os artistas fizeram demonstrações ao vivo de processos têxteis, amarração de turbantes e capulanas. A proposta promoveu intercâmbio cultural entre Moçambique e Japão, através dos tecidos como forma de expressão e resistência.
Nos dias 24 e 25 de Setembro, também entraram em cena os artistas Elcídio e Rasgado, da banda Marrove, que, nos seus concertos, demonstraram a expressão autêntica da riqueza cultural moçambicana, combinando música, dança, percussão e interação com o público.
Ao longo da apresentação, foram celebrados diversos ritmos tradicionais do país, como tufo, xigubo, nyau, marrabenta, nganda, rumba, entre outros, reflectindo a diversidade e a riqueza sonora nacional.
As actuações foram marcadas por interacções com o público e improviso com instrumentos tradicionais, como djembe. Os espectadores foram convidados a cantar e a dançar, criando um ambiente vibrante e inclusivo.
O dia 3 de Outubro foi reservado a um workshop, designado “Práticas Chope”, com Matchume Zango. No dia 4, o artista teve o concerto “Práticas Nativas de Moçambique”.
O workshop ofereceu uma vivência interactiva com as práticas musicais tradicionais do povo chope, do Sul de Moçambique, num espaço onde explorou-se o rico universo sonoro da timbila (instrumento classificado como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO).
O concerto do dia 4 de Outubro foi uma proposta audiovisual no formato de uma versão renovada das canções, danças e ritos dos povos tradicionais Bantu de Moçambique.