O destaque vai para acordos que criam regras da Comissão Permanente Conjunta para Cooperação, acordo de fornecimento de energia, acordo de troca de experiência entre o empresariado dos dois países, entre outros entendimentos virados à economia. Filipe Nyusi, no seu primeiro dia de visita à Botswana, disse, ontem, que os dois Estados sempre “caminharam de mãos dadas” em várias áreas, mas agora é tempo de explorar áreas económicas
Filipe Nyusi chegou ontem a Gaborone, Botswana, para uma visita de Estado de quatro dias àquele país vizinho. Foi recebido pelo chefe de Estado tswana, Mokgweetsi Masisi, teve honras militares ainda no aeroporto, mas ficou pouco tempo no local, até porque o dia estava preenchido de várias agendas do estadista moçambicano.
Foi mantido um encontro, à porta fechada, com a delegação moçambicana e depois esteve no gabinete do presidente da República do Botswana para conversações, que também foram à porta fechada.
E foi no fim deste frente-a-frente que foram assinados três acordos pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, e pelo ministro das relações internacionais e cooperação do Botswana, Lemohang Kwape.
Os acordos criam regras e procedimentos da Comissão Permanente Conjunta para a Cooperação, aprovam a acta da sétima sessão desta mesma Comissão e estabelecem melhorias para a cooperação bilateral em várias áreas.
Nas conversações que manteve com o seu homólogo Masisi, Filipe Nyusi diz que houve vários temas colocados à mesa de debate. “Há áreas que escolhemos, a área dos transportes, na qual Moçambique tem alguma vantagem porque detém portos e linhas férreas que garantem ligação para os países do hinterland. Discutimos também sobre a área de energia, onde também temos águas que drenam e que podem produzir energia para a região toda, também na mineração, em que queremos colher muito a experiência deste país que, com qualidade, tem estado a explorar recursos, com destaque para o diamante, mas falamos também da agricultura”, explicou o Chefe do Estado, explicando que o Botswana é dos países de referência no que à pecuária diz respeito, daí que Moçambique vai também explorar a experiência daquele país na vacinação de animais (gado) para que não sejam vítimas de doenças.
Respondendo a questões de jornalistas, Filipe destacou o papel do Botswana no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, falou de outros apoios e explicou o significado de a luta contra este mal ter passado da fase seis para cinco. Diz o país está agora na fase de estabilização em relação ao combate ao terrorismo.
Já na sua intervenção, Molgweetsi Masisi falou da necessidade de os dois países colaborarem, tendo em conta áreas diversas nas quais podem partilhar experiências, falou do projecto de porto de águas profundas e linha férrea ligando os dois países e não só, como uma iniciativa que vai servir de verdadeiro corredor de desenvolvimento entre os países da região.
Na verdade, este projecto existe já há algum tempo, mas foi fechado novo acordo entre os ministros dos Transportes moçambicano e tswana, e ainda o do Zimbabwe para a garantia do sucesso do projecto. Com o acordo, as partes deverão comparticipar com um milhão de dólares para que a iniciativa seja uma realidade, com a linha férrea que parte de Techobanine, em Matutuíne, Província de Maputo, passará por Zimbabwe e termina no Botswana.
Ainda no âmbito da cooperação entre Moçambique e Botswana, o país dirigido por Mokgwetsi Masisi comprometeu-se a aumentar o número de elefantes que manda a Moçambique anualmente, de 500 para mil.
Já no Fórum Empresarial, as câmaras do comércio de Moçambique e do Botswana assinaram acordo para a partilha de experiência em várias áreas de actuação do empresariado. Ainda no mesmo Fórum, a empresa Electricidade de Moçambique fechou um acordo com o Botswana para fornecer energia, ainda que não de forma permanente, mas que quando solicitada, a EDM poderá, com o acordo, encaixar 12 milhões de dólares por mês.