A população moçambicana continua a viver abaixo de um dólar por dia, de acordo com o relatório do Inquérito Sobre Orçamento Familiar (IOF 2019/2020), divulgado na última sexta-feira (24), em Maputo, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Num universo de mais de 30 milhões de pessoas que vivem em Moçambique (segundo dados actualizados do INE), o IOF 2019/2020 abrangeu 13. 656 agregados familiares, com uma média de cinco pessoas por família, nas zonas rurais e urbanas de todo o país.
Segundo o INE, em relação às despesas do consumo das famílias residentes no país, a média mensal é de 8. 108, 00 Meticais, o equivalente a 1. 695,00 Meticais por pessoa.
Ou seja, se cada indivíduo despende 1. 695,00 Meticais mensalmente, significa que, por dia, gasta 56 meticais e cinquenta centavos. Segundo o câmbio disponibilizado pelo Banco de Moçambique, no dia 24 de Setembro, um dólar americano custa 64.46 meticais, o que significa que o gasto diário de um cidadão, que vive no solo moçambicano, está a uma distância de 7.96 meticais, do dólar americano, nossa base de comparação.
Apesar de negativos, os dados, segundo o INE, são animadores, pois demonstram uma subida de nove meticais, quando comparado com o inquérito sobre orçamento familiar 2014/2015, em que as despesas diárias de cada moçambicano eram de 47 meticais.
Durante o discurso de lançamento do relatório, a Presidente do INE, Eliza Magaua, explicou que “a despesa média foi de 6. 924,00 Meticais, sendo 1. 406,00 Meticais por pessoa.
Magaua disse, ainda, que, em termos de despesa média por agregado familiar por província, a cidade e província de Maputo estão acima da média nacional, tendo em terceiro lugar a província de Manica, que também está acima da média nacional.
A receita média mensal por agregado familiar foi estimada em 8. 916,00 Meticais, em termos nacionais. Em termos per capita, os dados mostram que a receita mensal se situou na casa de 1. 1946,00 Meticais. As províncias de Tete, cidade e província de Maputo apresentaram os níveis mais altos, enquanto as províncias de Gaza, Cabo Delgado e Zambézia registaram níveis mais baixos.
O mesmo relatório indica que, em quatro anos (intervalo entre o IOF 2014/2015 e IOF 2019/2020), o país registou melhorias nas áreas de emprego, energia e educação, entretanto matêm-se os desafios na disponibilização de serviços de saúde de qualidade.
Em relação ao IOF realizado em 2014/2015, a taxa de desemprego passou de 67.2% para 74.8%, uma redução na ordem dos 7.6%.
Por seu turno, comparativamente ao mesmo período, houve uma redução de 20.7% para 17.5%, da taxa de desemprego no país, uma redução que, segundo o INE, se verificou no nível de analfabetismo, que passou de 44.9% para 39.9%, uma redução em cinco por cento.
No capítulo da saúde e disponibilização da água potável, os números são, também, positivos, tendo crescido de 50.3% para 55.7% a percentagem de famílias que usam fonte segura de água, e 53% para 59.8% a taxa de satisfação ao uso de serviços de saúde.
De acordo com a presidente do Instituto Nacional de Estatística, Eliza Magaua, os dados apresentados são de capital importância para a concepção de políticas e programas sectoriais do Governo, sector privado e sociedade civil no geral, principalmente para garantir um acompanhamento mais realista da evolução das condições de vida da população que reside no território nacional.
Para Eliza Magaua, o IOF 2019/2020 servirá de base para a produção do relatório da avaliação da pobreza a ser produzido pelo Ministério da Economia e Finanças.