O ministro da Saúde diz que o país enfrenta uma “epidemia” silenciosa por causa da venda e uso indiscriminado de antibióticos. Armindo Tiago falava hoje, durante a abertura do seminário interinstitucional sobre saúde pública, na Cidade de Maputo.
É um facto que não constitui novidade. Medicamentos, particularmente, do Sistema Nacional de Saúde são vendidos no mercado formal e informal sem prescrição médica.
Contudo, a prática pode ser nociva à saúde das pessoas e, de acordo com Armindo Tiago, reduz as opções de tratamento de doenças.
“Vivemos uma ‘epidemia’ silenciosa, relacionada à venda e uso indiscriminado de antibióticos, que aumenta os riscos de resistência aos mesmos, reduzindo as opções de tratamento para várias doenças ou impõe o uso de opções mais onerosas com enorme peso no bolso do cidadão”, alertou o titular das pastas do sector da Saúde, Armindo Tiago.
Para combater o mal, são necessárias açcões conjuntas dediversas instituições.
A Procuradoria-Geral da República reitera que o problema não está na falta de legislação, mas sim na implementação das leis,até por parte dos agentes da polícia.
“Preocupa-nos o registo de casos de venda desordenada e ilegal de medicamentos do sistema nacional de saúde, e não só, em locais impróprios e em más condições de conservação, e por pessoas que não possuem qualificações para o efeito, o que arrepia os órgãos de fiscalização, incluindo as autoridades policiais e municipais”, lamentou a procuradora-geral da República de Moçambique, Beatriz Buchili.
No entanto, além da “epidemia silenciosa”, há também outros desafios do sector que preocupam o ministério da Saúde.
“A água consumida em alguns pontos do país e as condições de venda dos produtos alimentares, particularmente os de pronto consumo, continuam a representar um risco elevado de Saúde Pública. A título de exemplo, os dados do último inquérito sobre o orçamento 2019/2020, indicam que cerca de 44% dos agregados familiares consomem água de uma fonte não segura e 69% não dispõe de um saneamento seguro”, vincou.
O ministro da Saúde dá um novo alerta, sem avançar muitos detalhes, sobre possíveis surtos de sarampo no país.
“O país está num Estado de Emergência resultante da COVID-19. Simultaneamente, o país declarou uma emergência de saúde pública em resultado da pólio e está em prontidão para a varíola dos macacos. Determinadas regiões, como a província do Niassa, enfrentam um surto de cólera. As análises feitas mostram que está iminente uma epidemia de sarampo”, alertouArmindo Tiago.
As intervenções foram feitas, esta quarta-feira, durante a abertura do seminário sobre saúde pública, que junta o Ministério Público, Ministério da Saúde, Ordem dos Médicos, Serviço Nacional de Investigação Criminal, Polícia Municipal da Cidade de Maputo e Inspecção de Actividades Económicas.