Os médicos dizem que o Governo não cumpriu com a maior parte do que foi acordado no início deste ano. A classe diz que retomar a greve foi a única solução, uma vez que a boa-fé por parte do Executivo deixou de existir.
Afinal, do total de 15 pontos que foram apresentados e acordados nos encontros entre a Associação Medica de Moçambique e o Governo, apenas um foi cumprido. Os médicos dizem que viram melhorados os níveis de enquadramento da classe médica na Tabela Salarial Única, mas o resto não passou de promessa.
Para a classe, a “boa-fé” deixou de existir no momento em que depois do entendimento alcançado no dia 08 de Fevereiro, não houve cumprimento do prometido.
“Para a nossa surpresa, no salário de Maio, ao invés de vermos todos os aspectos de que estávamos à espera desde Março, vimos uma redução do salário dos nossos colegas e isso deixou-nos numa situação muito complicada e numa pressão muito alta”, disse Napoleão Viola, secretário-geral da Associação Médica de Moçambique.
Após detectadas as “falhas”, os profissionais explicam que apresentaram as suas preocupações às autoridades, mas não houve melhorias e, como consequência, vários médicos viram os seus salários reduzidos.
A agremiação acusa, ainda, o Governo de ter mudado a sua equipa para as negociações, que muitas vezes diz não reconhecer as reivindicações ligadas às horas extras e aos consensos que já tinham sido alcançados.
“Muitas vezes quando chegamos a um acordo, pode ser por escrito, há questões nas entrelinhas, que são os motivos que levaram àquele acordo e se a pessoa não tiver estado no dia em que se produziu, não saberá como é que se chegou a esse entendimento”, explicou o secretário-geral da Associação Médica de Moçambique, em entrevista ao programa Noite Informativa da STV Notícias.
Viola entende que, como consequência da mudança dos interlocutores, houve aspectos que não foram respeitados. “Esta nova equipa nomeada pelo Governo diz não reconhecer dois dos pontos que estavam acordados, um dos quais é a fórmula das horas extraordinárias para os médicos na função pública. E mesmo no pouco que o Governo diz que vai pagar, não está a pagar desde Outubro do ano passado”, explicou.
Assim, os profissionais concluem que, “estando o Governo a recuar, num aspecto, provavelmente a Associação Médica de Moçambique tenha de reflectir sobre a pertinência de recuar em outros aspectos também negociais”.
Apesar de se sentirem “traídos”, os médicos aguardam por um convite do Governo para voltar à mesa de negociações para o diálogo.
A nova greve teve início, esta segunda-feira, e terá a duração de 21 dias.