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Médicos já estão em greve no país

Foto: O País

A classe médica iniciou, hoje, a greve que se prevê que dure 21 dias. Alguns serviços dos hospitais gerais de José Macamo e Mavalane, na Cidade de Maputo, ficaram condicionados e os serviços de urgência estão a fazer o mínimo para garantir assistência aos pacientes.

Dito e feito! Os médicos iniciaram, esta segunda-feira, uma greve de 21 dias, e os hospitais da Cidade de Maputo estão com serviços condicionados. “Os serviços que se ressentem mais são de consultas externas. Estão paradas. Essas são aquelas consultas marcadas, não são situações de urgência. Neste caso, nós temos médicos em greve, por isso as consultas não estão a ser feitas, à excepção de consultas de mulheres grávidas. Estas pacientes estão a ser encaminhadas para as enfermarias porque, nas enfermarias da maternidade e outros serviços, há um médico de escala conforme as directrizes da associação. Há um médico de escala em cada enfermaria”, revelou Andrea Neves, director clínico do Hospital Geral José Macamo.

Não são só as mulheres grávidas que têm a assistência garantida. Os pacientes que precisam de cuidados de emergência também.

“O número de médicos é diferente quando comparado com os dias normais. Temos médicos a trabalharem aqui, no banco de socorro, outros na pediatria, medicina e temos um médico no balcão. Temos atendimentos que eram feitos pelos técnicos de cirurgia e esses continuam normalmente, porque a classe que está em greve, neste momento, é a médica. Os serviços da maternidade, urgência de ginecologia também estão a funcionar normalmente”, esclareceu Andrea Neves.

O Hospital Geral José Macamo, na capital do país, conta com quase 100 médicos, dos quais cerca de 20 é que aderiram à greve. “O banco de socorro funciona, normalmente, com cinco ou seis médicos e, neste momento, temos três e a maternidade está a funcionar com a escala normal, porque precisa sempre de um médico para ir operar e uma sala de parto. Esta é a escala. Ao invés de ser feito isto com o número normal de médicos, está a ser feito por um médico que está escalado e ele está, sim, sobrecarregado. Ele está a prestar assistência a todos os pacientes”, detalhou a directora clínica do Hospital Geral José Macamo.

Para o caso dos serviços que estão paralisados por conta da greve, o hospital tenta fazer algum arranjo.

“São mais ou menos 15 doentes por médico/dia e são essas consultas marcadas. Uma paciente que é a primeira consulta e que vem fazer uma marcação o faz normalmente porque as agendas chegam a ser para daqui a um mês. Essa marcação, por exemplo, é feita. Aos pacientes que vinham hoje para a consulta que estava marcada, ficamos com os números dos telefones para que, quando cessar a greve, a gente possa arranjar uma forma de chamar os pacientes e acomodar as consultas que não foram feitas”, explicou.

Alguns médicos-especialistas do Hospital Geral de Mavalane também estão em greve, mas nada está a afectar os serviços de urgência.

“Estamos a garantir todos os serviços mínimos que estão a funcionar neste momento. Estamos a falar de serviços de urgência, cuidados intensivos e intermediários”, enumerou Maria Helena, directora clínica do Hospital Geral de Mavalane.

Tal como em vários outros hospitais, os médicos de consultas externas no Mavalane paralisaram, também, as actividades. “Se um paciente vem para consulta externa, estando descompensado, tem lá um médico que transfere para o serviço de urgência. Normalmente, vê-se caso por caso e, depois, é remarcado para um outro dia”, referiu Maria Helena, dando uma garantia de que “tudo está assegurado”.

O ministro da Saúde, que esteve em três hospitais da capital do país, disse estar satisfeito porque os serviços de urgência estão a ser prestados normalmente.

À imprensa, Armindo Tiago disse que o Governo fez de tudo para que não houvesse greve, mas revelou que os médicos querem ser os únicos a ganhar numa negociação. “Estamos satisfeitos com a boa-fé que o Governo fez nesse processo. Uma boa negociação, e de verdade, é aquela em que todos crescem, mas todos ganham. Se houver a tendência de que alguém queira ganhar, então perde o conceito de uma negociação”, disse o ministro da Saúde, Armindo Tiago, em acusação à Associação dos Médicos de Moçambique.

As direcções dos hospitais asseguram que as escalas feitas poderão garantir a continuidade dos serviços de urgência enquanto a greve durar.

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