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Massacre de Wiriyamu é indesculpável e “desonra a nossa história”, diz Costa

Cerca de 50 anos depois, o Primeiro-ministro português, António Costa, assumiu, sexta-feira, a crueldade do massacre ocorrido em Wiriyamu, na província de Tete.

Costa diz que o massacre é indesculpável e desonra a história. A matança aconteceu em 1972, durante a Luta de Libertação Nacional, onde foram mortas cerca de 400 pessoas pelo regime colonial português.

“Neste ano de 2022, quase decorridos 50 anos sobre esse terrível dia de 16 de Dezembro de 1972, não posso deixar aqui de evocar e de me curvar perante a memória das vítimas do massacre de Wiriyamu, acto indesculpável que desonra a nossa história”, disse, referindo-se a uma história de mortes, mas que teve sobreviventes.

Em 2014, “O País” fez uma grande reportagem, na qual visitou a zona de Wiriyamu e conversou com uma das pessoas que escaparam do massacre.

“Começaram a queimar as casas. De seguida disseram: ‘vocês estão a apoiar a Frelimo na luta contra as tropas portuguesas. Então, a partir de hoje, ninguém viverá. Vão morrer todos’. Daí começaram a matar os homens e, de seguida, as mulheres”, contou o sobrevivente.

Para o Primeiro-ministro português, esta é uma parte inesquecível da história da relação entre Moçambique e Portugal.

“As relações entre amigos são feitas assim, são feitas da gentileza de quem é vítima e faz por não recordar, mas também por quem tem o dever de nunca deixar esquecer aquilo que praticou e perante a história se deve penitenciar.”

O historiador Marlino Mubai entende que o pronunciamento de António Costa é, acima de tudo, um acto nobre e que reforça as relações, principalmente por o regime fascista português não ter assumido o massacre, até que surgissem provas.

“É um gesto nobre e bem-vindo. É, também, uma lição para nós, os moçambicanos. Este pode ser um exemplo de que pedir desculpas não é fraqueza. É um acto de respeito”, diz Mubai.

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