A acção humana ainda ameaça espécies da floresta de Miombo. Por isso, o Primeiro-ministro, Adriano Maleiane, defendeu, hoje, maior protecção e uso sustentável deste tipo de floresta que beneficia mais de 300 milhões de pessoas na região.
Para travar o uso insustentável destas florestas, ricas em variedades de espécies e produtos não-madeireiros, representantes de países da África Austral estão em Maputo para harmonizar estratégias de protecção.
No evento, o Primeiro-ministro defendeu acções conjuntas, coordenadas e integradas de gestão e conservação da floresta de Miombo e de protecção do rio Zambeze.
“As acções humanas ligadas à exploração insustentável dos recursos, incluindo o uso inapropriado dos solos e a prática da agricultura degradativa e poluidores constituem uma ameaça real ao ecossistema da floresta de Miombo”, introduziu Adriano Maleiane.
O governante acrescentou que “a implementação de acções conjuntas pode permitir a prevenção e mitigação dos impactos negativos sobre os ecossistemas do Miombo que advém da pressão humana e dos efeitos das mudanças climáticas”.
Já a ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibasse, falou dos ganhos que sairão da primeira conferência regional, com duração de dois dias.
“Esperamos com essa conferência seja institucionalizado o grupo de Miombo, constituído por especialistas, não só do nosso país, como também da academia e de instituições dos outros países. Esperamos também criar um comité que possa, de alguma forma, reavaliar os níveis e volumes da floresta de Miombo existentes no país.”
Em Moçambique, a floresta de Miombo representa cerca de 2/3 da cobertura florestal total e se estende desde norte de Gaza, Inhambane até ao Rio Rovuma.
Miombo é uma formação florestal onde predominam espécies do género Brachystegia e Julbernardia comumente designadas por messassa em Moçambique. Em África e no mundo, as florestas de Miombo formam o maior ecossistema de florestas tropicais.
As florestas de Miombo são importantes para a subsistência de muitas populações rurais que dependem dos recursos disponibilizados pela floresta. A grande variedade de espécies fornece produtos não-madeireiros, tais como frutas, mel, forragem para gado e lenha.
Em termos económicos, a região do Zambeze, onde predomina a grande parte da floresta do Miombo, caracteriza-se por alocar uma das maiores fontes de energia da região austral de África cujo potencial de produção definitiva de energia pode ser duplicado de 22,776 para 43 mil GWh/ano em cenário de desenvolvimento pleno de hidroenergia.
Na lista das infra-estruturas hidroeléctricas na bacia do Zambeze destacam-se as Barragens de Cahora Bassa (a maior Barragem Nacional) e Kariba (no Zimbabwe), e as projecções para a construção da segunda fase de Cahora Bassa, Mphanda Nkuwa (em Moçambique) sem descorar outras barragens para fins energéticos e agrários que venham a ser incluídas no futuro.
É nesta região do Zambeze onde se localizam as maiores jazidas de Carvão Mineral, Vários minérios como Ferro, Cobre, cromo, calcário, magnésio entre outros.
Todavia, estudos indicam que o ambiente do Zambeze está a ser afectado por desenvolvimentos não planeados, exacerbados pelas mudanças e variabilidade climáticas. A pressão na utilização de diferentes recursos naturais existentes, associadas às alterações climáticas das últimas décadas tornam a região bastante afectada pela variabilidade climática.
A mudança na hidrologia da Bacia do Baixo Zambeze levou a grandes mudanças na ecologia e nos meios de subsistência da área, causando um declínio na pesca costeira e perda de mangal.