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Mais de 700 turmas ao relento em Sofala 

Sector da Educação em Sofala avançou que existem mais de 700 turmas ao relento na província. Só nas Escolas Primária de Matadouro e Metodista, cerca de 300 alunos estudam, desde o início do ano, em condições deploráveis e são obrigados a levar para as salas de aulas  bancos, capulanas ou outros tipos de objectos para ser usados como assento. 

Desde o arranque das aulas no presente ano lectivo, cerca de 300 crianças, que estudam em salas anexas da Escola Primária de Matadouro e Escola Metodista,  vêem-se obrigadas a  transportar, para as salas de aulas,  nas suas mochilas escolares, capulanas,  além dos seus livros, cadernos e outro material escolar.

As capulanas são usadas nas salas de aulas como carteiras, uma realidade que condiciona o processo de ensino e aprendizagem, tendo em conta a posição que são obrigados a sentar para 

Uma das salas da Escola Primária de Matadouro foi construída pela comunidade local, que pretendia encurtar a distância que os seus filhos percorriam para terem aulas, evitando que as crianças atravessassem todos os dias a EN6.  

Lucrencia Tome, professora, lamentou as condições. “O quadro, mandamos guardar numa casa aí, para sempre levar e devolver. Não temos onde deixar o quadro, porque se deixarmos aqui, pode ser roubado. Quando chove, a tendência é de não termos aulas (…) Além disso, quando chove esse quintal enche água, então as crianças ficam em casa”, disse a professora, apelando por ajuda. 

Os pais lamentam igualmente a precariedade nas suas salas de aulas, onde os alunos são, algumas vezes, feridos pelas estacas. “É muito triste ver as crianças assim, sentadas no chão e sem carteira. Elas até podem aprender,  porque no nosso país é tudo improvisado”, lamentou um encarregado de educação. 

Outra sala anexa da escola Metodista é usada um local para culto aos fins de semana. No local  são usados blocos e capulanas como assento. Os alunos clamam por melhores condições.

O sector da Educação em Sofala disse que está a par das dificuldades enfrentadas pelos alunos e professores nas duas  salas anexas e lamenta a situação, indicando que é um problema nacional.

“As infra-estruturas escolares não acompanharam o crescimento da população (…) Sabemos quantos conflitos armados tivemos e, se calhar, os recursos não tinham como ser canalizados para os sectores  sociais. Por conta disso, a província de Sofala tem 708 turmas ao relento (…) Também temos as 924 salas de aulas que foram assoladas pelo Idai, que ainda não tiveram parceiros”, explicou   Romão Senda, Porta-voz da Educação em Sofala. 

O sector da Educação garantiu que, através do governo provincial e central,  continua em contacto com diversos parceiros nacionais e estrangeiros, para a busca de soluções a curto e longo prazo, de forma a tirar os alunos da precariedade. 

Romão Senda lembrou  que no semestre findo  foram entregues a várias comunidades quatro escolas primárias, num total de 79 salas de aulas.  Contudo, há ainda o desafio das carteiras. Os dados oficiais apontam para um défice de cerca de 46 mil carteiras e 167 mil degradadas. A solução passa pela mobilização de recursos para aquisição de novas carteiras e reabilitação das degradadas com recursos próprios.

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