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Mais de 60 mil turistas poderão visitar Inhambane

Inhambane volta a abrir os braços ao mundo depois de um período marcado por incertezas, cancelamentos e praias vazias. As projeções apontam para a entrada de mais de 60 mil visitantes, um número que representa mais do que estatísticas, mas sim o regresso da confiança e do turismo como motor essencial para o desenvolvimento da economia local.

Depois de um 2024 atípico, em que a instabilidade e as manifestações afastaram turistas nacionais e estrangeiros, Inhambane reencontra-se com a sua vocação natural. A chamada “terra da boa gente” volta a ser procurada como destino preferido para descanso, lazer e celebração. Nesta quadra festiva os hotéis, estâncias turísticas, casas de férias e operadores locais registam níveis de procura raramente vistos nos últimos anos.

A primeira imagem de quem chega à cidade de Inhambane pelo ar é reveladora: um território aberto, luminoso e convidativo, recortado pelo azul do Índico e pela paisagem que mistura cidade, natureza e mar. Mas é em terra firme que a receção ganha corpo e alma. 

À saída do aeroporto, a música local, as danças típicas de Inhambane e pequenos gestos de hospitalidade traduzem o calor humano que caracteriza a província. Não se trata apenas de receber turistas; trata-se de fazer com que cada visitante sinta que chegou a casa.

O governador da província de Inhambane, Francisco Pagula,  esteve pessoalmente no aeroporto para dar as boas-vindas aos turistas. Para o chefe do executivo provincial, o contacto directo com quem escolhe Inhambane como destino é uma mensagem clara de confiança, segurança e proximidade. Mais do que discursos, a presença no terreno procura transmitir tranquilidade e reforçar a ideia de que a província está preparada para acolher.

“O que nós temos vindo a deixar para os nossos hóspedes ou para os nossos turistas é a necessidade de que eles se sintam em casa, mas também que, em qualquer dificuldade que tiverem no seu dia-a-dia, possam contactar as autoridades governamentais”, afirmou o governador de Inhambane, sublinhando que o objectivo é facilitar a experiência de quem visita Inhambane.  Para Francisco Pagula, é fundamental que os turistas percebam que há instituições disponíveis, organizadas e prontas para responder, criando um ambiente de segurança e confiança.

Os números confirmam o optimismo das autoridades e dos operadores turísticos. Apenas para esta quadra festiva, a província prevê a entrada de cerca de 63 mil turistas, dos quais aproximadamente 25 mil são nacionais. A taxa de reservas ronda os 98%, enquanto a taxa de ocupação efectiva situa-se nos 85%, indicadores que refletem uma retoma clara do sector. São números que contrastam fortemente com a realidade vivida no mesmo período do ano passado.

Em 2024, a ocupação durante a quadra festiva não ultrapassou, em muitos casos, os 10 a 15 por cento. Hoje, com níveis de ocupação efetiva acima dos 80 por cento e reservas praticamente esgotadas, o cenário é descrito como “dez vezes melhor” do que o registado no ano anterior. Para as autoridades provinciais, esta recuperação não acontece por acaso, mas resulta de um esforço conjunto entre o governo, o setor privado e as comunidades locais.

O impacto económico desta retoma é significativo. A presença de milhares de visitantes deverá traduzir-se em cerca de 154 milhões de meticais em receitas diretas associadas ao turismo apenas nesta quadra festiva. São recursos que circulam na economia local, beneficiando hotéis, restaurantes, transportadores, vendedores informais, artesãos, guias turísticos e pequenos negócios que dependem diretamente do fluxo turístico para sobreviver.

Embora reconheça que o valor ainda está aquém do potencial total da província, o governador considera os números animadores, sobretudo quando comparados com o cenário de 2024. “É pouco naquilo que é a nossa expectativa de crescimento, mas é bom, fazendo uma comparação com 2024, onde todos nós sabemos que foi um ano muito atípico para o nosso turismo”, afirmou.

Para além da dimensão económica imediata, a retoma do turismo tem um peso simbólico importante. Representa a recuperação da imagem de Inhambane enquanto destino seguro, acolhedor e atrativo, num contexto regional e internacional cada vez mais competitivo. 

A recente distinção de Inhambane como capital do turismo surge como um reforço adicional desta trajectória. O estatuto projecta grandes investimentos no sector, desde a hotelaria à restauração, passando pelas infra-estruturas, pela promoção turística e pela valorização do património cultural e natural. Para a província, trata-se de uma oportunidade estratégica para consolidar a sua posição como um dos principais destinos turísticos de Moçambique.

A aposta passa também por garantir que o crescimento do turismo seja sustentável e inclusivo. As autoridades defendem que o desenvolvimento do sector deve beneficiar as comunidades locais, criando emprego, rendimento e oportunidades, sem comprometer os recursos naturais que fazem de Inhambane um destino único. O desafio, reconhecem, é crescer sem perder identidade.

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