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Mais de 30 casas correm risco de desabar em Maputo

Foto: O País

Há pelo menos 30 residências em risco de desabar ao longo da avenida Julius Nyerere, nos bairros Polana Caniço A e B, em Maputo, devido à contínua degradação do talude que protege a estrada, provocada pela chuva que tem vindo a cair nos últimos dias.

É início da época chuvosa 2021-2022, mas os moradores do bairro em risco de sofrer erosão já se inquietam com as condições da infraestrutura que era para a sua protecção.

Aquando da reconstrução da avenida Julius Nyerere, em Maputo, foi decidido pela colocação de paredes de betão sob o talude para evitar a erosão do solo e proteger as casas e a estrada.

No entanto, o projecto revelou-se falho, apresentando rachas e muitos espaços ocos devido a chuva que foi caindo durante os anos.

Este facto coloca em risco dois quarteirões, cerca de 40 casas, e o medo gira em torno das pessoas que vêm tudo a acontecer sem poderem nada fazer.

Almina Mate é uma delas. É uma idosa que já perdeu a conta do tempo que ali vive, mas lembra-se com tristeza das cheias do ano 2000, que arrastaram parte da sua casa, tendo apenas restado um quarto. Vinte e um anos depois, vovó Mina, como carinhosamente é tratada, receia voltar a viver o mesmo drama.

“Nós tínhamos uma casa enorme aqui, mas com as cheias de 2000 tudo ficou arruinado. Tendo restado apenas este quarto. Temos medo que a casa possa desabar, por isso bloqueamos com areia. Mas, assim que vem a chuva, não sabemos se as casas vão desabar connosco lá dentro”.

E o medo é legítimo. Para quem observa a posição das casas do alto do talude, fica mais evidente a situação que os moradores do bairro Polana Caniço A e B vivem e, segundo eles, sempre que chove o solo cede e o perigo fica mais próximo.

“Aqui quando chove a água fica estagnada durante dias. Estas obras foram mal feitas e não nos ajudam muito. Mesmo a água da chuva não consegue correr até as drenagens”, desabafou Telma Machava.

O problema tem barbas brancas e sobejamente conhecido pela edilidade, tanto que em Abril do ano em curso, o Director do Ordenamento Territorial do Conselho Municipal da Cidade de Maputo garantiu, sem avançar datas, que o talude teria um novo revestimento, mais seguro.

“Sabemos que há parte deste revestimento que ficaram ocas, ou seja, não tem nenhum sustento por baixo, por isso a solução será uma obra nova, retirando toda a camada e montar uma nova. É preciso que se faça de uma forma mais correcta, não tão impermeável como está agora, por forma a permitir que haja uma vegetação que possa reforçar a estabilidade dos taludes, as areias por si só não conseguem ser suficientemente consistentes é preciso haver vegetação. Este é um assunto que também está sendo seguido pelo Município de Maputo”, explicou Silva Magaia, Director do Ordenamento Territorial do Conselho Municipal de Maputo, a 22 de Abril de 2021.

No entanto, a época chuvosa chegou e 7 meses depois, no terreno nem água vem, nem água vai, aliás a única água que se faz presente é a da chuva.

Sobre o assunto, a edilidade de Maputo prometeu pronunciar-se oportunamente.

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