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ACNUR sem fundos para apoio às vítimas do terrorismo em Cabo Delgado

Foto: O País

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) não tem recursos para continuar a prestar assistência humanitária às vítimas do terrorismo em Cabo Delgado. O facto foi confirmado na cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado, pelo alto-comissário da ACNUR, no final da sua visita à província.

“Nós temos planos de curto e longo prazo, e, para assistência de emergência a Cabo Delgado, que é de curto prazo, precisamos de 49 milhões de dólares norte-americanos, mas até agora só temos 17 por cento deste valor”, explicou Filippo Grandi.

Caso os doadores continuem indiferentes ao drama humanitário em Cabo Delgado, segundo a fonte, a ACNUR será obrigada a redimensionar ajuda aos deslocados.

“Como uma organização das Nações Unidas, [nós, a] ACNUR, e diversos parceiros, estamos  comprometidos em dar uma resposta de grande escala ao drama humanitário em Cabo Delgado, mas, infelizmente, sem recursos suficientes, não teremos alternativa se não fazer menos do que devíamos fazer.”

Uma das causas da falta de fundos para minimizar a crise humanitária em Cabo Delgado, na percepção do alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, tem a ver com a actual situação mundial, que, devido a muitas guerras e efeitos de mudanças climáticas, deixaram Cabo Delgado parcialmente ofuscado.

“Uma das causas para essa aparente indiferença são as guerras e outros fenómenos naturais que estão a atrair a atenção do mundo e a deixar a situação de Moçambique quase invisível”.

Para evitar uma crise humanitária que tende a agravar-se com a nova onda de ataques terroristas, o mais alto dirigente da ACNUR comprometeu-se a lutar pela causa de Cabo Delgado.

“Depois de visitarmos Mocímboa da Praia, onde cerca de cento e quarenta e cinco mil habitantes regressados haviam abandonado a vila devido ao terrorismo, ficamos chocados e lembrei-me das verdadeiras consequências dos conflitos, e as soluções dos problemas levam muito tempo. Por esta e outras razões, a partir de hoje, comprometo-me a trabalhar em todo o mundo como um porta voz da causa de Moçambique, para defender os interesses dos deslocados e até de famílias acolhedoras, para garantir recursos e soluções duradouras para os problemas que a população enfrenta”, prometeu.

Além de doadores e organizações humanitárias, o alto-comissário da Nações Unidas para os Refugiados deixou um apelo a toda a comunidade internacional.

Entretanto, na impossibilidade de disponibilização de recursos para situações de emergência, a ACNUR apela à intervenção das entidades nacionais e internacionais que sempre apoiaram Moçambique nos projectos de desenvolvimento.

“Apelo ao Banco Mundial e a outros parceiros para apoiarem Moçambique em projectos de desenvolvimento, para não só evitar uma crise humanitária, como também travar o alastramento do terrorismo no mundo”, concluiu Filippo Grandi.

Nesta primeira visita a Cabo Delgado do alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, que acontece numa altura em que há recrudescimento dos ataques terroristas, Filippo Grandi passou pelos  distritos de Mueda e Mocímboa da Praia, e esteve na companhia da presidente do Instituto Nacional de Gestão de Riscos e Desastres, Luísa Meque, da coordenadora residente da ACNUR em Moçambique, Catherine Sozi, e do conselheiro especial das Nações Unidas para Refugiados, Robert Piper.

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